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“Se as mulheres tivessem a oportunidade de governar mais em África, haveria menos golpes e corrupção”, diz ex-chefe da diplomacia guineense

Suzy Barbosa lamenta que, apesar de constituírem mais de metade da população da Guiné-Bissau, a representação das mulheres não passe dos 25% na administração pública e nem chegue aos 10% na política. Em entrevista ao Expresso, após a participação no Eurafrican Forum, a antiga ministra dos Negócios Estrangeiros sinaliza que a lei da paridade, que ajudou a dinamizar, está em retrocesso no seu país

Suzi Barbosa, ex-ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau
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Empossada pela primeira vez como titular da pasta dos Negócios Estrangeiros em 2019, Suzy Barbosa chegou a integrar um Governo paritário, formado por oito ministros e oito ministras. Antes no Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, maior força da oposição) e agora no Movimento para Alternância Democrática/Grupo dos 15 (Madem), não se alonga quando questionada sobre a situação atual na Guiné-Bissau, mais de meio ano após a dissolução da Assembleia Nacional Popular pelo Presidente da República. “Não estou a fazer política ativa”, justifica-se.

Convidada da 7ª edição do Eurafrican Forum, que decorre esta segunda e terça-feira na Nova School of Business and Economics, em Carcavelos, Barbosa participou num painel sobre empreendedorismo e representação feminina. Em entrevista ao Expresso, afirma que o “grande contributo” que deu enquanto deputada e ministra foi o “aumento da participação política das mulheres, sobretudo das mais jovens, que são a maioria”.

Já sem esperança de vir a presidir à Comissão da União Africana, aconselha mais “flexibilidade” à Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) depois de o bloco regional ter perdido três dos seus países-membros, governados por militares na sequência de golpes – sob pena de a CEDEAO se “desintegrar”, adverte.