Elionia Paulo tem o rosto enrugado pelo tempo. Não se lembra de quantos anos tem, mas recorda-se bem de quando fugiu sozinha da sua casa na aldeia de Mmala, na semana passada, mal ouviu os tiros dos rebeldes que, desde 2017, amedrontam a província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. A imagem das horas que passava sentada no quintal com o marido e os filhos, após mais um dia de trabalho agrícola na machamba, causa-lhe hoje angústia.
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Cabo Delgado: a fuga à morte que obriga a deixar tudo para trás
O Expresso esteve em Moçambique e ouviu relatos de quem perdeu tudo e ainda desconhece o destino de familiares. Elionia é uma das vítimas do terror que regressou a Cabo Delgado. Durante o ataque dos terroristas à sua aldeia, separou-se do marido, que não sabe se está vivo ou morto. Nas últimas duas semanas, mais de 58 mil pessoas foram forçadas a deixar as suas casas
Texto de Estêvão Chavisso, jornalista da Lusa em Chiúre