Exclusivo

África

Guiné-Bissau: como uma rádio só de mulheres está a virar uma região onde elas sofrem discriminação e violência

A trágica morte de um rapaz guineense a atravessar o oceano de canoa, em busca de vida melhor, fez um grupo de jornalistas espanhóis construir uma rádio para aquelas que mais direitos têm por conquistar na ex-colónia portuguesa. Há seis anos, a Rádio Mulher de Bafatá surgiu para emancipar as mulheres da região leste da Guiné-Bissau

Rugui Buaro assegura a emissão da tarde, em crioulo, na única rádio onde só mulheres estão autorizadas a trabalhar, na Guiné-Bissau
Danilo Vaz

Tendo como referência o Hospital de Bafatá, não há como confundir os caminhos até à rádio de que toda a gente fala. São dois quarteirões, sob o calor intenso das três da tarde, até que um portão entreaberto, cor de vinho, inaugura a entrada para um pátio onde um homem ajeita o telhado e outro nos recebe, este de tez branca e sotaque espanhol, sem mostrar intenções de falar. A voz ali é delas.

José aponta antes para dentro de portas, de onde surge uma mulher jovem e alta, de hijab preto a contrastar com o amarelo da camisola florida, e ganga nas calças. Na candura dos 26 anos, Fatumata Candé é a diretora da Rádio Mulher de Bafatá.