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“Flagrante assalto à Constituição”: Presidente da Guiné-Bissau respondeu a alegado “golpe de Estado” com “golpe constitucional”

O chefe de Estado da Guiné-Bissau violou a Constituição ao dissolver o Parlamento e passou a acumular duas pastas ministeriais: Interior e Defesa. O presidente do Parlamento assegura que o órgão legislativo vai manter-se em funções, apesar de dissolvido por Umaro Sissoco Embaló. O primeiro-ministro continua em funções até ser encontrado sucessor, mas sublinha que não foi reconduzido, e tem de acumular as pastas do ministro e do secretário de Estado detidos. “Uma situação completamente disfuncional”, descreve uma investigadora. Isto meio ano depois de o país ter dado “uma lição ao mundo” sobre observação eleitoral, lamenta outra

SAMBA BALDE/AFP/Getty Images

Dois governantes suspeitos retirados das celas da Polícia Judiciária por efetivos da Guarda Nacional, confrontos entre esta força militarizada e efetivos do batalhão do Palácio Presidencial, recondução dos governantes para as celas, detenção do comandante da Guarda Nacional e de outras pessoas e ainda dois mortos. Tudo isto se passou na madrugada e manhã de 1 de dezembro na Guiné-Bissau. E, três dias depois, o anúncio da dissolução da Assembleia Nacional Popular pelo Presidente da República.

Depois de reunir o Conselho de Estado e anunciar a dissolução do Parlamento, Umaro Sissoco Embaló presidiu, na mesma segunda-feira, à reunião do Conselho de Ministros. Aos jornalistas, o Presidente anunciou que Geraldo Martins continua a chefiar o Governo, com “plenos poderes”, passando a acumular a pasta das Finanças, até ser indicado o próximo primeiro-ministro. Já o chefe de Estado acumula as funções de ministro do Interior e da Defesa.