O Presidente francês Emmanuel Macron fez saber que a França vai retirar o seu embaixador do Níger e pôr fim à colaboração militar com aquele país, que sofreu um golpe de Estado a 26 de jullho deste ano, que culminou com a deposição do Presidente Mohamed Bazoum.
“França decidiu retirar o seu embaixador. Nas próximas horas o nosso embaixador e vários outros diplomatas vão regressar a França”, disse o chefe de Estado francês, acrescentando que também a cooperação militar chegaria ao fim, e que as tropas francesas devem deixar o país “nos próximos meses”.
Esta decisão agora tornada pública pelo Eliseu foi antecedida por meses de animosidade e protestos contra a presença francesa no território, com manifestações regulares a terem lugar na capital Niamy, escreve a BBC.
O anúncio compromete as operações francesas de contraterrorismo na região do Sahel, bem como a influência francófona na região onde ainda permanecem cerca de 1500 soldados franceses, pode ler-se no site da estação britânica.
Macron disse ainda que reconhece Mohamed Bazoum, preso desde o golpe de julho passado, como “a única autoridade legítima” e que o Presidente deposto permanece “refém” dos autores do golpe.
Estas declarações do Presidente francês aconteceram horas antes de ser tornado público que aviões franceses ou fretados por França não são bem-vindos a espaço aéreo nigerino.
Espaço aéreo interdito a aviões franceses
O regime militar que chegou ao poder no Níger, por golpe de Estado no final de julho, saudou hoje o anúncio da retirada das tropas francesas daquele país como "um novo passo rumo à soberania".
"Hoje, celebramos um novo passo rumo à soberania do Níger. As tropas francesas, bem como o embaixador de França irão abandonar solo nigeriano até ao final do ano. É um momento histórico, que prova a determinação e a vontade do povo nigerino", indica um comunicado dos militares no poder, lido na televisão nacional e citado pela Agência France Presse.
A junta militar do Níger interditou, este fim de semana, a entrada no espaço aéreo de aviões franceses ou fretados por França, segundo informação na página oficial da Agência para a Segurança da Navegação Aérea em África e Madagáscar (Asecna).
A informação, partilhada no sábado à noite às tripulações no 'site' da Asecna, indica que o espaço aéreo do Níger "está aberto a todos os voos comerciais nacionais e internacionais, à exceção de aviões franceses ou fretados por França, incluindo os da Air France".
Em declarações à agência France-Presse, fonte da Air France referiu apenas que "não sobrevoa o espaço aéreo do Níger".
A mensagem na Asecna esclarece ainda que o espaço aéreo do Níger continua interdito a "todos os voos militares operacionais e voos especiais", salvo os que têm autorização especial.
A junta militar do Níger anunciou, a 4 de setembro, a reabertura do espaço aéreo aos voos civis e comerciais, encerrado em agosto devido a uma alegada "ameaça de invasão" na sequência do golpe de Estado perpetrado no final de julho, que destituiu o Presidente e suspendeu a Constituição.
Desde então, as relações diplomáticas entre o Níger e França esfriaram, nomeadamente com a ordem dada pela junta militar para que o embaixador francês, Sylvain Itté, abandonasse o território, chegando mesmo a retirar-lhe a imunidade e a ameaçar expulsá-lo pela força, o que foi rejeitado pela França.
Notícia atualizada às 23h17