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“Irrupção de violência étnica no Darfur”: ONU receia novo genocídio no Sudão após escalada de guerra civil

Após três meses de guerra civil entre dois generais que disputam a presidência do Sudão, a situação humanitária degradou-se brutalmente e a diversidade de armamento aumentou. Delegados das Nações Unidas temem a repetição do primeiro genocídio deste século, no Darfur, devido a milícias árabes e não-árabes que combatem em fações opostas e alimentam o ódio étnico

Refugiados em fuga do conflito no Darfur amontoam-se na zona de fronteira entre o Chade e o Sudão
ZOHRA BENSEMRA/REUTERS

As duas fações em confronto – as Forças Armadas do general Fattah Al-Burhan e as Forças de Apoio Rápido (RSF), comandadas pelo general Hemetti – dispõem de armamento pesado: canhões, tanques, aviões e drones. O conflito espoletou no Norte de Cartum e espalhou-se às províncias de Kurdufan, Darfur, Omdurman, causando a morte de centenas de civis, destruição de infraestruturas, 2,3 milhões de deslocados e 700 mil refugiados, segundo a Organização Internacional para as Migrações, no Egito, Chade, Sudão do Sul, Etiópia, África Central.

Gillian Kitley, diretora do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos no Sudão, recolhe testemunhos das violações do Direito Internacional Humanitário e da declaração dos Direitos Humanos, desde o primeiro tiro deste conflito entre generais. Ambas as fações cometeram atrocidades e Kitley tipifica-as ao Expresso, culpando as RSF pela maioria: “A utilização de áreas civis para fins militares, a extorsão de habitações, a ocupação de escolas, de hospitais e de infraestruturas críticas, transformaram Cartum numa cidade inabitável”.