Corria o mês de setembro de 1986 e, no East Side de Manhattan, junto à sede da Organização das Nações Unidas (ONU), chegara uma das épocas especiais do ano — a abertura de nova sessão da Assembleia-Geral. Nas proximidades, a agitação redobrara de intensidade, com a presença de chefes de Estado e de Governo de todo o mundo, que se dirigiram a Nova Iorque para participar no debate geral.
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80.º aniversário da ONU: “Se as Nações Unidas atravessam uma certa irrelevância, deve-se à incapacidade das grandes potências se entenderem”
As Nações Unidas estão a celebrar os 80 anos num clima de escrutínio inédito. Além dos pedidos de reformas que se arrastam há décadas, visando em especial o Conselho de Segurança, onde cinco países sujeitam a mais universal das organizações à ditadura do veto, a organização tem de lidar com os cortes ao financiamento ordenados por Donald Trump. O secretário-geral, António Guterres, não meteu a cabeça na areia e lançou o programa de modernização UN80. Em entrevista ao Expresso, dois portugueses que serviram nas Nações Unidas identificam o que deve mudar na organização