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“A China está a ser vista como a potência capaz de lidar com o ‘bully’ de Washington”, mas aproximação à UE “ainda é complicada”

Com as taxas alfandegárias de Donald Trump a atingirem valores quase surrealistas, a China forma uma imagem de parceiro fiável, potência estável, pró-globalização, com quem se pode ter relações comerciais sem grandes tumultos. É natural que haja mais abertura para fortalecer as relações entre a UE e a China, mas analistas avisam que subsistem muitos obstáculos e aconselham cautela para evitar a “inundação” dos mercados europeus

O Presidente chinês, Xi Jinping (ao centro da imagem) reuniu-se em maio de 2024 com o seu homólogo francês, Emmanuel Macron, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen
LUDOVIC MARIN/AFP/Getty Images

É provável que as nações europeias tenham desenvolvido uma espécie de stresse pós-traumático coletivo por exposição continuada aos ataques que os Estados Unidos têm feito à aliança que sustentou as relações internacionais nos últimos 80 anos.

Foi notória a perplexidade de dirigentes europeus ao ouvir, há semanas, um vice-Presidente americano apontar como principais inimigos não a Rússia nem a China, mas os próprios países europeus, que, no entender de J.D. Vance, já não partilham os valores dos Estados Unidos, porque têm “medo dos eleitores” e permitem “um declínio na liberdade de expressão”. O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, a falar no mesmo encontro, começou por dizer que tudo aquilo era “inaceitável”, e só depois continuou o discurso que tinha escrito.