É provável que as nações europeias tenham desenvolvido uma espécie de stresse pós-traumático coletivo por exposição continuada aos ataques que os Estados Unidos têm feito à aliança que sustentou as relações internacionais nos últimos 80 anos.
Foi notória a perplexidade de dirigentes europeus ao ouvir, há semanas, um vice-Presidente americano apontar como principais inimigos não a Rússia nem a China, mas os próprios países europeus, que, no entender de J.D. Vance, já não partilham os valores dos Estados Unidos, porque têm “medo dos eleitores” e permitem “um declínio na liberdade de expressão”. O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, a falar no mesmo encontro, começou por dizer que tudo aquilo era “inaceitável”, e só depois continuou o discurso que tinha escrito.