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Como surgem os ‘incels’: “Somos confrontados com isto de os nossos filhos estarem na manosfera, recebem diariamente ideias supremacistas”

“Enquanto a política não se importar com o que acontece nas redes sociais e com o que acontece aos nossos filhos, com a forma como são educados, a situação vai piorar.” O aviso provém de uma voz conhecedora do fenómeno dos incels (celibatários involuntários), uma forma de ver o mundo que se vem cozinhando há mais de dez anos. Susanne Kaiser, autora do livro “A Revolta do Homem Branco”, da editora Zigurate, faz, nesta entrevista ao Expresso, uma reflexão profunda sobre o que nos trouxe até aqui

A série da Netflix "Adolescência" está a gerar controvérsia no Reino Unido e até no Parlamento se debateu o tema da masculinidade violenta e o acesso das crianças a conteúdos perigosos e misóginos na internet e nas redes sociais
Mike Kemp

Vivemos numa era onde o feminismo é, em simultâneo, mainstream e violentamente contestado. Susanne Kaiser mergulhou no submundo de ressentimento masculino na internet, a chamada ‘manosfera’, que reúne homens brancos revoltados com a conquista dos direitos femininos. A jornalista alemã e autora de “A Revolta do Homem Branco” (editora Zigurate) conta que o “reacionarismo machista” saltou do mundo digital para empreender um assalto ao poder.

“Esta violenta reação antifeminista deve-se ao facto de o feminismo ter sido um grande sucesso e também um movimento muito pacífico”, diz, em entrevista ao Expresso, admitindo que vê “a masculinidade à defesa, como se eles tivessem de preencher a lacuna de poder com violência”. Está a “criar-se uma caricatura da masculinidade, como se tivessem de exercê-la de forma violenta”, garante.