Se nos últimos anos a democracia turca já vinha sofrendo atropelos, com crescente degradação do Estado de Direito e limitações às liberdades individuais, os acontecimentos dos últimos dias sugerem que o Presidente Recep Tayyip Erdoğan, e o seu Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, nacionalista e islamita), ultrapassaram a barreira para a autocracia pura. “Antes, podia-se considerar a Turquia uma democracia musculada, crescentemente autocrática, mas onde havia eleições competitivas. Agora, atravessámos a linha para uma autocracia total”, disse ao Expresso um diplomata europeu, que pediu o anonimato.
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“Atravessámos a linha para uma autocracia”: prisão do autarca de Istambul leva turcos à rua em protesto
Protestos populares sobem de tom e prometem continuar com a confirmação da prisão preventiva para Ekrem Imamoğlu. Autoridades procuram a todo o custo abafar a sublevação, que é já a maior da última década, a dinamizar a oposição após um quarto de século de poder quase total de Recep Tayyip Erdoğan. Manifestações são também grito de protesto e de raiva contra a crise económica e a opressão cada vez mais rígida de um regime cada vez mais autocrático