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“Honraram a minha fé”, disse Khan a partir da prisão, mas não era a sua voz e isso levanta uma questão: pode a IA contornar a repressão?

Apesar de estar preso, o ex-primeiro-ministro do Paquistão Imran Khan participou na campanha para as legislativas e celebrou a vitória com um discurso para os apoiantes. Tudo graças à inteligência artificial que recriou a sua voz e colocou-o a proferir uma mensagem composta a partir de notas que Khan passou para o exterior da cadeia. “A clonagem de voz tornou-se uma ferramenta para publicidade política enganosa”, alerta ao Expresso um especialista na área da Computação e da Inteligência Aumentada. “A educação pública relativamente à existência de deepfakes e a necessidade de ser cético sobre o que se vê, lê e ouve é fundamental nesta era de conteúdos gerados por inteligência artificial”
Em Karachi, um paquistanês assiste a uma mensagem de Imran Khan em que, quer a imagem, quer a voz foram geradas por inteligência artificial
AKHTAR SOOMRO / REUTERS

Imran Khan vendeu caro o seu afastamento da política ativa e da vida em liberdade. Detido desde agosto e sujeito a uma catadupa de processos na justiça — orquestrados pelos militares, com motivações políticas e assentes em acusações forjadas, assim pensa ele e quem o defende —, o antigo primeiro-ministro do Paquistão viu os candidatos conotados com o seu partido ganhar a maioria dos assentos no futuro Parlamento, nas eleições de quinta-feira passada.