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Henry Kissinger (1923-2023): “A necessidade de liderança é maior que nunca”

Aos 99 anos, numa grande entrevista a Niall Ferguson, o gigante da geopolítica mantinha vivo o poder de fogo e a capacidade para enfurecer tanto a esquerda como a direita. Numa conversa única, falou de Putin e da Ucrânia, da China e do “período muito difícil" que o mundo atravessa. Esta entrevista foi originalmente publicada na edição do semanário de 15/07/2022
Decisão Henry Kissinger ajudou a escrever a história do século XX, um esboço dos dias que vivemos. De cima para baixo, com Richard Nixon, Presidente dos EUA, a bordo do “Air Force One”, em 1974; com o rei Hussein, da Jordânia, nesse mesmo ano; em 1973, com o primeiro-ministro chinês Zhou Enlai, num banquete em Pequim

Niall Ferguson/“The Sunday Times Magazine”

Henry Kissinger fez 99 anos a 27 de maio de 2022. Nascido na Alemanha no auge da hiperinflação de Weimar, ainda não tinha dez anos quando Hitler chegou ao poder e com apenas 15 anos desembarcou como refugiado com a sua família na cidade de Nova Iorque. De alguma forma, é quase surpreendente que este antigo secretário de Estado americano e gigante da geopolítica tenha cessado funções há 45 anos.

A caminho de um século de vida, Kissinger não perdeu nenhum do poder de fogo intelectual que o distinguiu de outros professores e praticantes de política externa da sua geração e das gerações seguintes. No tempo que eu demorei a escrever o segundo volume da sua biografia, Kissinger publicou não um, mas dois livros — o primeiro, em coautoria com o antigo CEO da Google, Eric Schmidt, e o informático Daniel Huttenlocher, é sobre inteligência artificial, e o segundo é uma coleção de seis estudos de casos biográficos sobre liderança.