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Irlanda no divã: cinco perguntas e respostas sobre o fortalecimento da extrema-direita num país de emigrantes

O Governo irlandês diz que há no mundo pelo menos 70 milhões de pessoas que reclamam ligação familiar à Irlanda. É um país de emigrantes em massa, onde cresce a cada dia um sentimento de intolerância perante os requerentes de asilo, migrantes económicos e refugiados. Os motins de Dublin, na passada quinta-feira, não são cenário comum na Irlanda. Serviram para lembrar aos governantes que a crise na habitação e a subida do custo de vida podem suscitar manifestações violentas

Brian Lawless - PA Images

Que desencadeou os protestos violentos?

“Uma fação completamente lunática de hooligans, motivados por ideologia de extrema-direita”, foi a resposta do comissário da polícia de Dublin, Drew Harris, ao jornal “Irish Independent”. A violência eclodiu em Dublin na noite de quinta-feira, depois de cinco pessoas, incluindo três crianças, terem sido feridas num ataque com uma faca.

Os esfaqueamentos ocorreram ao início da tarde numa escola em Parnell Square East, no centro da capital. A polícia informou que uma menina de cinco anos, uma mulher na casa dos 30 e um homem com cerca de 50 sofreram ferimentos graves. Um menino de cinco anos e outra menina, de seis, foram tratados no local por terem ferimentos ligeiros. A polícia deteve um homem na casa dos 50 anos e depressa começaram a circular nas redes sociais, associados a movimentos extremistas, rumores sobre a nacionalidade do atacante: seria argelino, marroquino, romeno, as versões não se alinhavam.

Depois de a polícia ter informado que a menina de cinco anos corria risco de vida, uma pequena multidão deu início à violência: lojas foram vandalizadas, um carro da polícia e um autocarro arderam na via pública, postes de eletricidade ficaram danificados e um agente da polícia de choque ficou gravemente ferido nos confrontos. Até agora a polícia já deteve 34 pessoas no âmbito deste incidente.