A República de Artsaque, Estado nunca reconhecido pela comunidade internacional que reivindicava soberania sobre Nagorno-Karabakh (enclave pertencente ao Azerbaijão, rodeado de território da Arménia e de população maioritariamente arménia), anunciou no passado dia 28 de setembro que se autodissolvia até 1 de janeiro e 2024. Fê-lo na sequência de feroz ofensiva militar do Azerbaijão. Quase todos os habitantes fugiram para a Arménia. O Expresso falou com Eldar Namazov, um homem que conhece o terreno, tendo aconselhado o anterior chefe de Estado do Azerbaijão e mantendo-se próximo do atual, que sucedeu ao pai.
A região controlada pelos arménios de Nagorno-Karabakh durante cerca de três décadas foi tomada pelo Azerbaijão, em setembro, durante uma operação que durou 24 horas. Como foi possível uma ofensiva executada em tão pouco tempo atingir um objetivo de décadas?
Os territórios do Azerbaijão estão sob ocupação há mais de 25 anos. Durante todo este tempo estivemos a preparar-nos para libertá-los. Nesse sentido, direcionámos parte significativa dos nossos lucros petrolíferos para a criação de um exército moderno. Durante muitos anos, o nosso orçamento militar foi superior a todo o orçamento de Estado da Arménia. Compramos armas mais modernas e tecnologia de ponta a Israel, Turquia, Rússia e outros países. Portanto, após a Segunda Guerra de Karabakh, quando derrotámos o exército arménio em 44 dias e o forçámos a capitular [2020], muitos especialistas reconheceram que o Azerbaijão conseguira criar uma poderosa máquina militar. Muitas das armas empregues nessa guerra foram usadas em condições de combate pela primeira vez, como drones kamikazes, mísseis ultraprecisos de curto e médio alcance, entre outros. Na “guerra de um dia” voltámos a confirmar a nossa força, derrotando um grupo militar composto por dez mil arménios em 23 horas e 43 minutos.