Matt Friend é um americano de 24 anos que imita políticos. As suas encarnações de Trump são especialmente fiéis (não que os maneirismos do ex-Presidente sejam a coisa mais difícil de reproduzir; Friend destaca-se no meio de bastante concorrência), mas ele também se dedica a outros políticos, sobretudo republicanos, e a uma ou outra figura do show business, como Howard Stern. Com o seu talento, Friend em princípio devia poder imitar qualquer pessoa. Mas mesmo ele reconhece a dificuldade de reproduzir o estilo do homem que hoje em dia mais lhe pedem para imitar: o congressista George Santos, por vezes conhecido como Anthony Devolder, os seus dois nomes do meio.

Com o seu visual pouco formal — casaco e pullover por cima de uma camisa, sem gravata; calças justas a revelar contornos roliços; óculos de aros pretos sobre uma cara igual a tantas —, Santos podia ser qualquer pessoa. O seu tom de ressentimento infantil não será usual entre políticos, mas o seu único traço verdadeiramente característico é passar o tempo a fugir dos repórteres. Santos não tem a voz nem os gestos distintivos de Trump ou a expressão quase automaticamente cómica de políticos como o líder republicano Mitch McConnell, outra das imitações habituais de Friend. O seu ar vulgar desafia a imitação. O paradoxo é que ele próprio se notabilizou por assumir identidades diversas.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.