O mito fundacional do Estado de Israel poderia resumir-se em duas palavras. Nunca mais. Nunca mais seremos os cordeiros inocentes conduzidos para a matança. Nunca mais Ha’Shoah, o Holocausto.
Os israelitas, sobretudo os israelitas das sucessivas gerações de judeus nascidos em Israel, os sabra, muitos deles descendentes de famílias dizimadas nos campos de concentração, recusam ver-se como vítimas. E não se veem como vítimas. No Yad Vashem de Jerusalém, o museu da memória do extermínio, crianças de escola viram a cara aos retratos de cadáveres com pijamas de riscas e aos mortos-vivos com rostos cavados pelo sofrimento, a prisão, a doença e a fome. Sentem vergonha. Nunca mais.