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Israel, o dia mais longo: a guerra perpétua da antiquíssima Palestina está perto do Armagedão

Israel atravessa o tempo mais negro e perigoso da sua história. Une-se, arma-se e prepara a ofensiva, a retaliação brutal — que trará mais riscos para o país e para o mundo. Porque o que quer que faça terá implicações terminais. A guerra perpétua da antiquíssima Palestina, berço dos deuses das três religiões, cruzamento de civilizações, terra de judeus e árabes desavindos, está perto do Armagedão

Retaliação Uma coluna de fumo sobe no céu de Gaza a 9 de outubro, dois dias após o ataque a Israel, que prometeu uma reação brutal
MAHMUD HAMS/AFP via Getty Images

O mito fundacional do Estado de Israel poderia resumir-se em duas palavras. Nunca mais. Nunca mais seremos os cordeiros inocentes conduzidos para a matança. Nunca mais Ha’Shoah, o Holocausto.

Os israelitas, sobretudo os israelitas das sucessivas gerações de judeus nascidos em Israel, os sabra, muitos deles descendentes de famílias dizimadas nos campos de concentração, recusam ver-se como vítimas. E não se veem como vítimas. No Yad Vashem de Jerusalém, o museu da memória do extermínio, crianças de escola viram a cara aos retratos de cadáveres com pijamas de riscas e aos mortos-vivos com rostos cavados pelo sofrimento, a prisão, a doença e a fome. Sentem vergonha. Nunca mais.