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Física: Nobel foi conquistado por muito poucas mulheres

Em mais de 120 anos de prémios Nobel, apenas quatro mulheres venceram o da Física. Uma delas, Marie Curie, foi, no entanto, a primeira pessoa a ganhar duas vezes. O Nobel da Física é anunciado esta terça-feira. Da lista de vencedores faz parte Albert Einstein, ainda que não pela Teoria da Relatividade

Os laureados recebem uma medalha, um diploma personalizado e um prémio monetário
ADRIAN DENNIS / AFP / GETTY IMAGES

A Física foi a área do conhecimento que Alfred Nobel primeiro referiu no seu testamento, onde detalhou a distribuição da sua imensa fortuna e atribuiu parte substancial da mesma à criação dos prémios com o seu nome.

Esta terça-feira, pelas 10h45 (hora de Portugal Continental), a Fundação Nobel — responsável pelo cumprimento da vontade de Alfred Nobel — dará continuação ao desejo do industrial sueco e divulgará a personalidade que, no ano anterior, “fez a descoberta ou invenção mais importante no campo da Física”.

Dos 222 laureados com o Nobel da Física entregues entre 1901 e 2022, há apenas quatro mulheres, duas delas galardoadas no século XXI. Do total de 989 personalidades que já receberam o Nobel, somente 61 são do sexo feminino.

Mulheres que receberam o Nobel


Alfred Nobel responsabilizou a Real Academia Sueca de Ciências, de Estocolmo, pela escolha do vencedor do Nobel da Física. O anúncio pode ser acompanhado neste link.

10 CURIOSIDADES

1. A PIONEIRA MARIE CURIE
Nascida Maria Salomea Skłodowska, esta física e química polaca (depois naturalizada francesa) tornou-se a primeira mulher a vencer um Nobel, em 1903, por investigações sobre a radioatividade. Oito anos depois, Marie Curie, o seu nome após casar-se, tornou-se a primeira pessoa a receber um segundo Nobel, o da Química. Primeira mulher a ensinar na Universidade Sorbonne, foi também a primeira sepultada no Panteão de França.

2. UMA FAMÍLIA, CINCO PRÉMIOS
O Prémio Nobel da Física atribuído a Marie Curie, em 1903, foi partilhado também pelo seu marido, o físico francês Pierre Curie (e ainda com Antoine Henri Becquerel). Uma das duas filhas do casal, Irène Joliot-Curie, conquistou o Nobel da Química, em 1935, juntamente com o marido, Frédéric Joliot. No total, a família Curie recebeu cinco prémios: dois da Física e três da Química.

3. TEORIA DA RELATIVIDADE NÃO PESOU
Em 1921, o Nobel da Física foi entregue a Albert Einstein, tinha ele 42 anos, pelo seu trabalho na área da “Física Teórica, e especialmente pela descoberta da lei do efeito fotoelétrico”. Anos antes, o alemão publicara a Teoria da Relatividade, que haveria de consagrá-lo como um dos físicos mais influentes do século XX. Não fora, porém, essa a razão do seu reconhecimento.

4. AS INSTITUIÇÕES QUE ESCOLHEM OS LAUREADOS
Por vontade de Alfred Nobel, o beneficiário do prémio da Física é escolhido pela Real Academia Sueca de Ciências, de Estocolmo (tal como os da Química e da Economia). O Nobel da Medicina é selecionado pelo Instituto Karolinska, a Academia Sueca para o Prémio Nobel elege o laureado da Literatura e um Comité de cinco membros do Parlamento norueguês é o responsável por escolher o Nobel da Paz.

5. OS ÓSCARES ANTES DO NOBEL
Quando a Fundação Nobel reconheceu Kip S. Thorne, em 2017, como um dos maiores na área da Física, já ele era um nome em Hollywood. Este americano, nascido em 1940, foi o consultor científico do filme “Interstellar”, de 2014. Nesse exato ano, Thorne lançou o livro “The Science of Interstellar”, onde explica os conceitos científicos por detrás das ideias cosmológicas do filme.

6. VENCEDOR DUAS VEZES
Desde 1901, a lista de premiados com o Nobel da Física encheu-se com 222 laureados que, na verdade, correspondem a 221 nomes, já que um dos distinguidos recebeu este prémio duas vezes. Em 1956 e 1972, o galardoado foi o físico americano John Bardeen, respetivamente por investigações “sobre semicondutores e pela descoberta do efeito transístor” e pela “teoria de supercondutividade”.

7. MEDALHA PERSONALIZADA
A imagem gravada na medalha entregue aos vencedores do Nobel da Física e da Química representa a Natureza na forma de uma deusa, que segura uma cornucópia, símbolo da abundância. O véu que lhe cobre o rosto é levantado pelo Génio da Ciência. Uma inscrição diz: Inventas vitam iuvat excoluisse per artes (É benéfico melhorar a vida através das artes descobertas). A insígnia foi desenhada pelo escultor sueco Erik Lindberg.

8. QUATRO PAIS, QUATRO FILHOS
O Nobel da Física foi atribuído a quatro duplas de pai e filho. Os ingleses J. J. Thomson e George Paget Thomson receberam-no em 1906 e 1937, respetivamente. Os dinamarqueses Niels Bohr e Aage Niels Bohr foram reconhecidos em 1922 e 1975, e os suecos Manne Siegbahn e Kai M. Siegbahn em 1924 e 1981. Os britânicos William Bragg e Lawrence Bragg, de 53 e 25 anos, respetivamente, receberam o Nobel no mesmo ano (1915).

9. A GLÓRIA AOS 96 E AOS 25 ANOS
Quando recebeu o Nobel, em 1915, Lawrence Bragg tinha 25 anos. Mais de 100 anos depois, este físico desaparecido em 1971, aos 81 anos, continua a ser o mais jovem laureado com o Nobel da Física. Já o mais velho foi o americano Arthur Ashkin (oriundo de uma família de judeus ucranianos), que tinha 96 anos quando foi distinguido, em 2018. Ashkin faleceu em 2020, com 98 anos feitos.

10. MENOS PRÉMIOS DURANTE AS GUERRAS MUNDIAIS
Foram atribuídos 116 prémios da Física desde 1901, mas durante os dois conflitos mundiais houve menos distinções. O Nobel não foi entregue em 1916, 1931, 1934, 1940, 1941 e 1942. Segundo os estatutos da Fundação Nobel, se nenhuma das candidaturas em apreciação corresponder à importância definida pela instituição, “o prémio monetário ficará reservado para o ano seguinte”.