Internacional

Assessor do Parlamento do Reino Unido suspeito de espiar para a China. Sunak manifesta “profunda preocupação”

As autoridades britânicas detiveram, em março, dois funcionários do Parlamento, acusados de violar a Lei dos Segredos Oficiais de 1911, por alegadamente espiarem para a China

Primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak
TOBY MELVILLE/REUTERS

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, manifestou este domingo ao seu homólogo chinês a "profunda preocupação" pela "interferência chinesa na democracia parlamentar britânica", após a revelação de uma detenção por espionagem, disse um porta-voz de Downing Street.

Segundo o “The Sunday Times”, as autoridades britânicas detiveram, em março, dois funcionários do Parlamento, acusados de violar a Lei dos Segredos Oficiais de 1911 – um na região de Oxford, no sudeste de Inglaterra, e outro em Edimburgo, capital da Escócia – por alegadamente espiarem para a China. Os dois homens foram libertados sob fiança.

Um destes funcionários do Parlamento do Reino Unido foi detido a 13 de março, juntamente com outro homem. O alegado espião é um assessor do parlamento do Reino Unido, com cerca de 20 anos, que trabalhou em política internacional, nomeadamente nas relações com Pequim, e já trabalhou na China.

No Reino Unido, teve contacto com deputados do Partido Conservador, atualmente no poder. Entre eles estavam o ministro da Segurança, Tom Tugendhat, e Alicia Kearns, a presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros da Câmara dos Comuns, a câmara baixa do parlamento. O caso está a ser investigado por agentes do Comando Antiterrorista da Polícia Metropolitana.

Fontes do parlamento britânico disseram ao jornal que se trata de "uma grande escalada" por parte da China e que "nunca antes" se tinha visto um caso destes. O ministro da Justiça britânico, Alex Chalk, à margem da cimeira do G20, afirmou que a questão da China é um desafio que "define uma época".

Já a Aliança Interparlamentar para a China, que reúne dezenas de deputados de vários países, disse estar "chocada com as notícias de infiltração no Parlamento do Reino Unido por alguém supostamente agindo em nome da República Popular da China".

Em julho, a Comissão de Inteligência e Segurança da Câmara dos Comuns alertou num relatório que os serviços secretos chineses estão a interferir de "forma prolífica e agressiva" com o Reino Unido. A China conseguiu "penetrar com êxito em todos os setores da economia do Reino Unido" e "não é difícil detetar" a interferência do governo chinês em vários setores, desde as universidades à energia nuclear, sublinhou o documento.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, por sua vez, garantiu respeitar o princípio de não ingerência nos assuntos de outros países.