Espanha foi às urnas no último domingo e o resultado trouxe uma reviravolta que foi muito além dos votos contados. Surpreendendo até membros do seu próprio Governo, o primeiro-ministro Pedro Sánchez anunciou que as eleições legislativas, previstas para o final do ano, vão afinal realizar-se já a 23 de julho.
O anúncio foi assim uma reação do socialista a uma derrota que foi tanto numérica como simbólica. Contas fechadas, o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE, no Governo desde 2018) perdeu alguns dos seus importantes bastiões, incluindo Sevilha e Valência. Já o Partido Popular (PP, partido de direita que é a maior força da oposição) conseguiu a maioria dos votos (35,5%) e uma dupla maioria absoluta em Madrid (no governo regional e autarquia).
“Havia sinais claros de que seguíamos nesta direção. A diferença é que a intensidade do sinal foi mais forte do que aquilo que todos estavam à espera, inclusive o PP”, aponta Jorge M. Fernandes.
Para o investigador do Consejo Superior de Investigaciones Científicas (CSIC), a derrota do PSOE resulta do desgaste normal de um partido do governo, mas não só. “O PSOE clássico ficou em casa, porque não se revê no caminho que o partido levou estes anos.”