Xanana, cujo partido foi mais votado, com 46% e 31 dos 65 deputados, falava aos jornalistas numa primeira reação aos resultados provisórios das eleições. “Quer mudança em temos de reafirmar e consolidar o processo de construção do Estado. Orgulhávamo-nos de ser um país que já estava a sair da fragilidade para a resiliência. E, de repente, voltou tudo para trás”, afirmou.
O político discursou na sede do CNRT, em Díli, após a finalização da contagem de votos pelo Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE). Sem confirmar se vai ser primeiro-ministro (cargo que ocupou entre 2007 e 2015, tendo sido Presidente no quinquénio anterior a esse período), se haverá alianças com outras forças ou elementos de outros partidos no futuro Governo, Xanana disse que este será de “consolidação do Estado e das instituições”.
Questionado sobre se a derrota da Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin, oposição) — que registou o seu pior resultado de sempre, com 29% e 19 assentos — pode implicar o fim da atual liderança, Xanana ironizou: “Temos tantos problemas com essa gente toda aqui, que nem sequer tenho tempo para pensar naquilo fora da casa”.
O líder timorense agradeceu a maturidade e o comportamento do povo, louvando um processo eleitoral em tranquilidade e sem problemas entre os partidos. “Aprecio muito a consciência popular em prol da paz e estabilidade. Durante a campanha, todos, muitos jovens que começam a assumir na cabeça e no coração que a violência não tem lugar em Timor-Leste.”
“Tudo correu de forma pacífica, em calma, durante a votação e a contagem. Não houve problemas em lado nenhum. Isso é que é importante. Festa da democracia é isso, ir votar, com respeito mútuo, com respeito uns aos outros e, no fim, não há problemas”, regozijou-se.
Cinco forças políticas no Parlamento
O CNRT obteve a sua maior vitória de sempre, ficando à frente em 10 dos 13 municípios do país, na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno e em toda a diáspora. A vitória mais sonante foi no município de Ermera, onde obteve 51,05% dos votos. Ao todo ganhou mais dez lugares no Parlamento do que tinha até agora.
“Sim, estou contente. Poderia estar mais contente se o resultado fosse maior. Mas é suficiente em termos de que sabemos que vamos trabalhar. Contente, porque vamos responder às preocupações, ansiedades, sonhos e aspirações da população”, explicou.
A contagem final provisória do STAE, que terá de ser verificada pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) e pelo Tribunal de Recurso, dá ao CNRT 288.101 votos (41,62%). Em segundo lugar ficou a Fretilin, com 178.248 votos (25,75%), perdendo quatro dos atuais 23 lugares.
No novo Parlamento estarão ainda seis deputados do Partido Democrático (PD), mais um do que na atualidade, cinco do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), que mantém o número de assentos, e quatro do Partido Libertação Popular (PLP), do atual primeiro-ministro e antigo Presidente Taur Matan Ruak, que perde metade da representação.