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Veterano Boyko Borissov vence legislativas búlgaras, mas formar Governo será difícil

Quintas legislativas em dois anos não apontam com clareza uma aliança para governar. Eleitorado está cansado, ao ponto de 63% nem terem ido votar. Quem mais cresce é o partido pró-russo

O antigo primeiro-ministro Boyko Borissov a votar nas eleições que espera que o level de volta ao poder
Borislav Troshev//Getty Images

A aliança conservadora chefiada pelo antigo primeiro-ministro Boyko Borissov (2009-13, 2014-17, 2017-21) terá vencido as eleições legislativas de domingo na Bulgária, segundo resultados preliminares. Segundo a agência Reuters, a coligação entre o partido de Borissov (Cidadãos para o Desenvolvimento Europeu da Bulgária, GERB) e as Forças Democráticas Unidas terá angariado 26,6% dos votos.

Com 87% dos sufrágios contados, na segunda posição está o bloco reformista pró-ocidental Continuamos a Mudança/Bulgária Democrática, com 24,5%, seguido do partido pró-russo Revivalismo, com 14.4%. Também devem estar no Parlamento o Movimento pelos Direitos e Liberdades, que representa a minoria turca no país, com 13,3% dos votos; e o Partido Socialista Búlgaro, herdeiro dos comunistas, com 9%.

O caminho para uma maioria estável de governo não é claro, após aquelas que foram as quintas legislativas búlgaras em dois anos. Os pró-ocidentais recusam entender-se com Borissov, a quem acusam de ter chefiado governos corruptos ao longo de uma década. O veterano — que deve ser convidado pelo Presidente Rumen Radev a encetar negociações para formar Governo, já que foi o mais votado ­— nega tudo.

Quer Borissov quer Kiril Petkov, chefe dos reformistas, defendem o lugar da Bulgária na NATO e a defesa da Ucrânia na guerra em curso, sem prejuízo dos laços históricos e culturais com a Rússia. Isso poderia constituir um mínimo para se aliarem.

Euro e fundos em risco

“Não tem de ser um governo concebido para durar quatro anos. Isso seria demasiado ambicioso, mas é preciso algum tipo de governo de base parlamentar”, defende em declarações à Reuters o perito Daniel Smilov, do Centro de Estratégias Liberais. O fastio do eleitorado é visível: só 37% foram às urnas. “As pessoas estão a ficar cansadas. Vão castigar partidos que sejam incapazes ou não estejam dispostos a formar um Governo.”

Até porque foram os pró-russos quem mais cresceu, subindo dez pontos percentuais desde as últimas legislativas, em outubro de 2022. O líder do Revivalismo, Kosatadin Kosatadinov, rejeita pactos com Borissov e Petkov.

A instabilidade é preocupante para o país, governado há dois anos por executivos interinos tecnocráticos nomeados pelo chefe de Estado. Sem Executivo em plenitude de funções, não só fica em causa a ambição de aderir ao euro a curto prazo como é mais difícil utilizar os fundos comunitários de recuperação pós-covid.