Foi na fronteira de Bergana, entre a Croácia e a Eslovénia, que no primeiro dia do ano se celebrou o fim das verificações de passaporte entre a Croácia, com 3,8 milhões de habitantes, e os restantes 26 países que fazem parte do Espaço Schengen.
Dentro dele circulam cerca de 450 milhões de pessoas sem necessidade de apresentação de documento de identificação, 3,5 milhões passam todos os dias uma fronteira europeia para trabalhar e pelo menos dois milhões vivem num país e trabalham noutro. Existem exceções, como França, por exemplo, que suspendeu os estatutos depois dos ataques terroristas de Paris, já há sete anos anos. E também a Suécia, Alemanha, Dinamarca, Noruega e Áustria têm “regimes de exceção” com os seus vizinhos, por causa da questão migratória. Em abril deste ano estes regimes foram considerados ilegais pelo Tribunal Europeu de Justiça, porém continuam em vigor.
São situações “difíceis de justificar”, diz ao Expresso Paulo Rangel, eurodeputado português e redator das posições do Parlamento Europeu na questão da adesão ao Espaço Schengen. Estas exceções, na sua opinião, não mancham “a importância, tanto real quanto simbólica” deste momento.
Em contracorrente com os apelos populistas
Paulo Sande, advogado e professor de Construção Europeia no Instituto de Ciências Políticas da Universidade Católica, concorda - e acrescenta que este é um movimento que contraria o que parece ser o discurso cada vez mais comum na União Europeia: “Apesar de os populismos terem todos características e objetivos diferentes, o que os enfraquece, há um inimigo comum: a UE. O que esta entrada da Croácia para o Espaço Schengen nos diz é que, por muito que possamos temer o impacto destes movimentos, eles não conseguem apagar as aspirações das pessoas - e as pessoas querem liberdade”.