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Hijab foi só a faísca. O objetivo é o fim da República Islâmica

A notícia sobre fim da polícia da moralidade não iludiu a população, que manteve uma greve geral de três dias por todo o país. “Foi propaganda para tentar apaziguar”, diz uma ativista iraniana ao Expresso

Manifestantes iranianos queimam véus na rua, em Teerão. Os protestos emergiram no país há quase três meses, no seguimento da morte de Mahsa Amini
Getty Images

A eliminação do Irão do Mundial do Catar foi celebrada com fogo de artifício nalgumas zonas do país. Team Melli, como é chamada a seleção iraniana, caiu aos pés do “Grande Satã”, como a República Islâmica identifica os Estados Unidos. Este desaire, que para os ayatollahs foi um embaraço, foi — por essa mesma razão — usada pelos manifestantes antirregime como arma de arremesso.

“Eles acreditam que, se o Irão ganhasse aos EUA, o Governo usaria o triunfo como propaganda política”, diz ao Expresso o investigador Javad Heirannia, do Centro do Médio Oriente da Universidade Shahid Beheshti, em Teerão. “Nesse sentido, após a derrota do Irão, houve muita gente a demonstrar felicidade. Consideraram isso um protesto contra o sistema político.”