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“O Parlamento Europeu é viciado na teatralização da dor”. Entrevista a Juan Fernando López Aguilar, presidente da Comissão de Liberdades

O ex-ministro espanhol Juan Fernando López Aguilar foi eleito eurodeputado em 2009 e preside desde então à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias. Federalista convicto, defensor até de um exército europeu, é por vezes acusado de não ter grande paciência para as preocupações de alguns países com questões de soberania. Crítica a UE por não ter aberto fronteiras aos sírios e afegãos como aos ucranianos e não tem dúvida de que o motivo é racismo

Juan Fernando López Aguilar, presidente da omissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, federalista, defende vistos humanitários para a entrada regular de migrantes e um exército europeu
Thierry Monasse/Getty Images

A Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias (LIBE) tem a seu cargo uma pesada agenda legislativa, a mais pesada do Parlamento Europeu. O espectro holístico da sua ação toca as áreas da justiça, direitos e liberdades e, por isso, ali tudo se discute: da proteção dos menores na internet até à separação de poderes em cada Estado-membro, da colaboração policial aos limites da inteligência artificial, passando por questões de migração e asilo.

O presidente da LIBE, Juan Fernando López Aguilar, socialista espanhol e ex-ministro da Justiça com o primeiro-ministro José Luis Zapatero, é visto como grande exegeta da lei europeia, ao mesmo tempo que se mantém crítico feroz do Conselho e da Comissão. Isto tudo apesar de ser federalista, ou talvez por sê-lo. É pela sua comissão que passam os mais profundos sulcos ideológicos que dividem a UE. Entre uma reunião e outra, concedeu 20 minutos ao Expresso para falar sobre tudo.

A guerra na Ucrânia afetou as liberdades dos Europeus?
A guerra afetou a União Europeia de todas as formas possíveis e imagináveis, e mesmo de formas que não imaginávamos. A perceção de que a guerra está a acontecer de novo na Europa, quando toda a ideia desta união assenta num pressuposto de paz, é muito prejudicial. Todos os pilares de segurança que construímos depois da II Guerra Mundial estão a desmoronar-se. A Rússia é fronteira direta da UE na Finlândia, Lituânia e Polónia.