A Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias (LIBE) tem a seu cargo uma pesada agenda legislativa, a mais pesada do Parlamento Europeu. O espectro holístico da sua ação toca as áreas da justiça, direitos e liberdades e, por isso, ali tudo se discute: da proteção dos menores na internet até à separação de poderes em cada Estado-membro, da colaboração policial aos limites da inteligência artificial, passando por questões de migração e asilo.
O presidente da LIBE, Juan Fernando López Aguilar, socialista espanhol e ex-ministro da Justiça com o primeiro-ministro José Luis Zapatero, é visto como grande exegeta da lei europeia, ao mesmo tempo que se mantém crítico feroz do Conselho e da Comissão. Isto tudo apesar de ser federalista, ou talvez por sê-lo. É pela sua comissão que passam os mais profundos sulcos ideológicos que dividem a UE. Entre uma reunião e outra, concedeu 20 minutos ao Expresso para falar sobre tudo.
A guerra na Ucrânia afetou as liberdades dos Europeus?
A guerra afetou a União Europeia de todas as formas possíveis e imagináveis, e mesmo de formas que não imaginávamos. A perceção de que a guerra está a acontecer de novo na Europa, quando toda a ideia desta união assenta num pressuposto de paz, é muito prejudicial. Todos os pilares de segurança que construímos depois da II Guerra Mundial estão a desmoronar-se. A Rússia é fronteira direta da UE na Finlândia, Lituânia e Polónia.