O novo Governo francês é de continuidade. Se Jean Castex deu lugar a Élisabeth Borne na chefia da equipa ministerial, esta conserva nomes como Bruno le Maire (direita moderada), na pasta da Economia e das Finanças. O mesmo acontece com Gérald Darmanin, que continua a comandar a Administração Interna.
A grande novidade é a nomeação, para os Negócios Estrangeiros, de Catherine Colonna, histórica chiraquiana (direita neogaullista), até agora embaixadora no Reino Unido e antiga ministra dos Assuntos Europeus. Neste último pelouro permanece Clément Beaune, como ministro-delegado.
O elenco inclui outros novos nomes da direita, como Damien Abad (Solidariedade). Uma das grandes surpresas do novo Executivo é a nomeação do historiador Pap Ndiaye, diretor do Museu da Imigração, para o Ministério da Educação. É conotado com a esquerda moderada.
A constituição do novo executivo acontece a poucas semanas das legislativas de 12 e 19 de junho, nas quais Emmanuel Macron enfrenta o partido de Marine Le Pen (Reagrupamento Nacional, extrema-direita) e a recentemente constituída frente de esquerda Nova Unidade Popular, dirigida por Jean-Luc Mélenchon, que integra a França Insubmissa (esquerda radical), ecologistas, comunistas e socialistas.
À espera das eleições
O novo Goveno, na realidade, é interino. A chamada “maioria presidencial” (vasta “nebulosa” política que integra centristas, sociais-democratas, direita e alguns socialistas) necessita de vencer as próximas legislativas para conservar o poder.
As sondagens são favoráveis aos aliados de Emmanuel Macron, que pode conquistar uma maioria absoluta. O seu partido A República em Marcha, rebatizado de Renascimento, quer repetir o feito das legislativas de 2017.
Nas eleições para a Assembleia Nacional (AN), que decorrem sob o sistema eleitoral tradicional francês – uninominal, maioritário, a duas voltas –, o partido de Le Pen poderá ser o grande prejudicado. Depois de ter disputado a segunda volta das presidenciais com Macron, a extremista poderá ficar apenas em terceiro lugar na AN, atrás da “frente” de Mélenchon, que é “eurocético” e pode vir a ser a principal força de oposição.
Lista completa dos ministros
Economia, Finanças, Soberania Industrial e Digital: Bruno Le Maire (República em Marcha)
Interior: Gérald Darmanin (República em Marcha)
Europa e Negócios Estrangeiros: Catherine Colonna (Os Republicanos)
Justiça: Éric Dupond-Moretti (República em Marcha)
Transição Ecológica e Coesão Territorial: Amélie de Montchalin (República em Marcha)
Educação Nacional e Juventude: Pap Ndiaye (independente)
Exércitos: Sébastien Lecornu (República em Marcha)
Saúde e Prevenção: Brigitte Bourguignon (Territórios de Progresso)
Trabalho, Pleno Emprego e Inserção: Olivier Dussopt (Territórios de Progresso)
Solidariedades, Autonomia e Pessoas Incapacitadas: Damien Abad (Os Republicanos)
Ensino Superior e Investigação: Sylvie Retailleau (independente)
Agricultura e Soberania Alimentar: Marc Fesneau (Movimento Democrático)
Transformação e Função Pública: Stanislas Guerini (República em Marcha)
Ultramar: Yaël Braun-Pivet (República em Marcha)
Cultura: Rima Abdul Malak (independente)
Transição Energética: Agnès Pannier-Runacher (República em Marcha)
Desporto, Jogos Olímpicos e Paralímpicos: Amélie Oudéa-Castéra (independente)