Mais do que escolher um candidato que representa uma linha de pensamento, muitos franceses vão ter de fazer uma escola pelo mal menor. É o que têm revelado as últimas sondagens das presidenciais que continuam a mostrar a profunda indecisão de uma larga faixa da população que optou por outros candidatos na primeira volta. São sobretudo estes candidatos que vão decidir quem ganha, assume o editor do Expresso, Pedro Cordeiro.
O jornalista francês Olivier Bonamici admite mesmo que o que pode ter mais peso na decisão final dos indecisos é "a questão da rejeição" de um projeto, e não a da aproximação às ideias de um candidato. A enviada do Expresso a Paris diz que a questão que mais divide os mais jovens (que votaram sobretudo na extrema-esquerda) é perceber se uma possível rejeição da extrema-direita será suficiente para os convencer a irem votar e colocarem a cruz no atual Presidente.
Mas o que aconteceu a Macron, com 5 anos de presidência para esta aproximação que as sondagens revelam? o jornalista francês, colaborador da SIC e da Rádio Renascença fala "numa certa arrogância" e lembra que o único debate entre os dois candidatos não foi um trunfo para Emmanuel Macron que, apesar de ganhar no conteúdo perdeu, na sua opinião, na forma e na atitude para Marine Le Pen. Apesar de o Presidente até ter subido nas sondagens depois do debate, nos últimos dias voltou a baixar. O que confirma a distância do re-candidato com o eleitorado.
A questão da proximidade com as pessoas, é aliás um trunfo da candidata da União Nacional, acrescenta Bonamici. Pedro Cordeiro acredita, no entanto que quem escolheu de forma mais emocional numa primeira volta, é totalmente capaz de ser mais calculista numa segunda volta.
Questões como o ambiente ou a integração dos refugiados, são temas que não têm estado na campanha, o que preocupa grande parte do eleitorado, sublinha Salomé Fernandes. Esse vazio vai ter de ser preenchido por Macron, caso alcance o segundo mandato. "Tentar minimamente reconciliar as duas Franças", é a missão essencial do Presidente, assegura Olivier Bonamici. E se a vencedora for Marine Le Pen? "vamos ter um terramoto de consequências inimagináveis", diz o jornalista francês. O Editor de Internacional do Expresso partilha a ideia e acrescenta que a reação seria comparável à que surgiu com a vitória de Trump. Seja qual for o cenário, a jornalista Salomé Fernandes arrisca mesmo dizer que a França não está preparada para nenhum dos dois, que é como quem diz, o caso é sério para a política francesa.
E há ainda este cenário, que ninguém pode prever ou excluir e que Olivier Bonamici coloca em cima da mesa: Le Pen como Presidente e Jean-Luc Mélenchon, o candidato da extrema-esquerda, na qualidade de primeiro-ministro. É que a seguir às presidenciais, vêm as Legislativas em França e são, uma vez mais, uma incógnita.
Macron ou Le Pen: “Afinal, quem é que odeio menos?” Pode estar aqui a chave das eleições
A França escolhe o Presidente no domingo e qualquer um dos candidatos pode vir a ser eleito. Juntámos, Ao Vivo na Redação do Expresso e da SIC, o editor de Internacional do Expresso, Pedro Cordeiro, o jornalista francês Olivier Bonamici e a jornalista e enviada a Paris, Salomé Fernandes. Falamos do futuro imprevisível e das suas consequência