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Perfil. Joan Didion, a jornalista cuja tragédia pessoal se transformou em sucesso

A escritora norte-americana, que faleceu quinta-feira aos 87 anos, foi um exemplo superior de uma corrente que criou um espaço de liberdade hoje por vezes recordado com saudade

D.R.

"A minha única vantagem como repórter é que sou tão fisicamente pequena, tão temperamentalmente não incómoda, e tão neuroticamente articulada que as pessoas tendem a esquecer que a minha presença é contrária aos seus interesses. E é-o sempre", escreveu um dia Joan Didion. "Os escritores estão sempre a trair alguém".

A escritora norte-americana, falecida de Parkinson na quinta-feira, tinha 87 anos e uma das carreiras mais distintas do chamado Novo Jornalismo, a par com autores como Gay Talese e Tom Wolfe. Comparada com alguns dos seus colegas, tinha um estilo mais sóbrio, mas não menos perfeito (o adjetivo "granítico" foi em tempos usado para o descrever). Esse estilo pode ser facilmente encontrado em coleções como "Slouching Towards Bethlehem" e "The White Album", cuja popularidade se mantém décadas depois de terem sido originalmente publicados na imprensa.

Nascida a 5 de dezembro de 1934 em Sacramento, na Califórnia, Didion era filha de um funcionário que tratava de assuntos financieros no exército, o que fez com que ela tivesse mudado várias vezes de residência na infância. O sentimento de não pertencer realmente a lugar nenhum, bem como o hábito de ler vorazmente desde muito cedo, contribuiriam muio para a pessoa que ela se tornou.