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Fronteiras. Drones no ar, ninguém no mar

Tecnologia nas fronteiras desumaniza o migrante, mas europeus não estão a salvo

Drone israelita Heron 1 como o que a Frontex lançou em Malta
Brent Lewin/Getty Images

Cresce a distância entre as dimensões humanitária e de segurança na gestão das migrações na União Europeia (UE). Há cada vez mais tecnologia, automação de processos de decisão e influência de grandes empresas de armamento, e cada vez menos sociedade civil nas decisões.

Desde a queda do Muro de Berlim (1989) construíram-se na UE cerca de mil quilómetros de muros, cercas eletrificadas, paredes de arame farpado e outras barreiras à circulação de migrantes: seis vezes o comprimento do muro que simbolizou, durante 28 anos, a divisão ideológica da Guerra Fria. No século XXI estão a nascer fronteiras que não vemos, feitas de uma rede de tecnologia avançada, associada à militarização das fronteiras externas, com cada vez mais recurso a drones, câmaras de infravermelhos, radares de captação de comunicações acoplados a veículos marítimos e terrestres e um arsenal de ferramentas sem intervenção humana.