O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai propor a retirada de todas as tropas do Afeganistão até ao dia 11 de setembro de 2021, no vigésimo aniversário do ataque ao World Trade Center, as torres que definiram a silhueta da cidade de Nova Iorque até ao ataque terrorista de 2001. A notícia foi avançada pelo “Washington Post” e cita três pessoas próximas do Presidente.
Isto quer dizer que o prazo previamente estabelecido, de 1 de maio, vai ser ultrapassado, por alguns meses - e por isso é impossível saber que consequências esta decisão terá no terreno, onde as milícias talibãs esperam uma outra data para o regresso das tropas. Os analistas não acreditam, porém, que isso venha a ser um motivo de grande revolta, mas mesmo assim, de acordo com o diário norte-americano, Biden sempre esteve pouco inclinado a prolongar o prazo de maio.
O secretário de Estado, Tony Blinken, lançou as bases para o anúncio Biden num telefonema com o Presidente afegão Ashraf Ghani na terça-feira. Blinken não divulgou detalhes precisos sobre a retirada, mas explicou que Biden iria ligar na quinta-feira. Ghani, segundo a CNN, terá ficado com a ideia de que o assunto era a retirada das tropas.
Há neste momento cerca de 2.500 soldados no Afeganistão mas muitos mais operacionais envolvidos em ações secretas de todo o tipo, nomeadamente infiltrados em núcleos terroristas, ou envolvidos no treino de forças especiais afegãs entre dezenas de outros cargos que, se forem repentinamente suprimidos, podem pôr em causa a transição; na qual, de resto, nem toda a gente confia. Os comandantes das forças da coligação no terreno são os primeiros a sublinhar os riscos de uma saída apressada. Esta é uma guerra que dura há 20 anos, a mais longa em que os Estados Unidos se envolveram na sua história mas mesmo assim as preocupações com a estabilidade da região.
Os recentes ataques contra as forças dos EUA no Afeganistão também alimentam preocupações. A CNN noticiou na semana passada que os talibãs conseguiram atingir por duas vezes uma das bases militares mais seguras dos norte-americanos, em março desde ano, quando já tinham decorrido várias reuniões com vista à saída ordeira dos militares.
A avaliação anual da comunidade de funcionários dos serviços de informações dos EUA, divulgada na terça-feira, diz que as perspectivas de um acordo de paz entre as milícias e o governo afegão "permanecem baixas no próximo ano". É “provável que os insurgentes obtenham ganhos no campo de batalha e o governo afegão vai ter dificuldades em para mantê-los sob controlo se a coligação lhe retirar apoio", diz o documento, consultado e analisado pela cadeia de televisão CNN.