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EUA. Agente que matou jovem afroamericano a tiro terá confundido arma com taser, diz chefe da polícia local

"Parece-me, pelo que vi e pela reação e angústia da agente imediatamente depois, que foi um tiro acidental que resultou na morte trágica do senhor Wright”, disse esta segunda-feira Tim Gannon, o chefe da polícia local. Daunte Wright tinha 20 anos e foi parado numa operação de trânsito

KEREM YUCEL

A agente que matou um jovem afro-americano, nos subúrbios de Minneapolis, numa operação de trânsito no domingo, terá confundido a arma de fogo com o taser. Foi esta a versão do chefe Tim Gannon, do Departamento da Polícia de Brooklyn Center, em conferência de imprensa perante o vídeo da bodycam da agente, conta o “New York Times”. Daunte Wright tinha 20 anos.

"É a minha crença que a agente tinha a intenção de utilizar o seu taser, mas em vez disso baleou o senhor Wright com uma única bala", disse esta segunda-feira o chefe Tim Gannon. No vídeo, em que se vê o desenrolar da operação policial, ouvem-se aparentemente gritos repetidos de “taser” por parte da agente antes de atingir o jovem a tiro.

KEREM YUCEL

"Parece-me, pelo que vi e pela reação e angústia da agente imediatamente depois, que foi um tiro acidental que resultou na morte trágica do senhor Wright”, acrescentou o chefe da polícia. A reação da agente, não identificada por aquela corporação e atualmente com licença administrativa, parece também ser audível: “Holy shit. I just shot him” (oh merda, acabei de o atingir a tiro).

Daunte Wright terá sido morto a tiro momentos depois de ter telefonado para a mãe a dizer que estava a ser levado pela polícia, que foi chamada a intervir num incidente violento no bairro. Os acontecimentos precipitaram-se depois de um agente mandar parar o carro de Wright, por uma alegada infração de trânsito. O jovem, já fora do carro e numa altura em que estava a ser algemado, voltou a tentar entrar no veículo e foi aí que ocorreu o tiro fatal.

A mãe, Katie Wright, disse que ouviu agentes de segurança a pedir ao filho para largar o telefone e um deles terminou-lhe a chamada. A namorada de Daunte ligou-lhe minutos depois a dizer-lhe que o filho tinha sido baleado.

KEREM YUCEL

O incidente provocou uma manifestação de protesto que juntou centenas de pessoas em frente ao posto da polícia de Brooklin Centre, obrigando os agentes a usarem gás lacrimogéneo e granadas de choque para dispersar a multidão.

Por volta da meia-noite local (6h00 em Lisboa), e perante a subida de tom da manifestação, o mayor de Brooklin Centre, Mike Elliott, declarou recolher obrigatório até à manhã desta segunda-feira, alegando a necessidade de manter a segurança pública e considerando a morte de Daunte Wright um "incidente trágico".

"Queremos que todos estejam a salvo. Por favor, tenham cuidado e vão para casa", disse então o autarca, na mensagem em que justificava a medida de recolher obrigatório.

Esta segunda-feira, Elliot foi mais longe e garantiu que tudo fará para “garantir que será feita justiça por Daunte Wright”. E, defendendo o despedimento imediato da agente, acrescentou: “A minha posição é que não nos podemos dar ao luxo de cometer erros na nossa profissão que levam à perda de vidas de outras pessoas”.

O Departamento de Assuntos Criminais do estado de Minnesota anunciou que vai investigar o caso.