As eleições legislativas em Israel, as quartas em menos de dois anos, realizam-se esta terça-feira e o Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apresentou várias “iniciativas” que visam facilitar o voto de quem esteja em isolamento por causa da pandemia, infectados ou não, com sintomas ou não.
Talvez a mais inusitada seja o lançamento de milhares de drones que, do ar, vão monitorizar a concentração de pessoas nos 751 locais de voto especialmente estabelecidos para estas eleições. Se as filas se revelarem demasiado grandes, os drones tiram fotografias, enviam para analistas da Comissão Eleitoral e os eleitores registados naquela zona vão receber uma mensagem a informá-los de outras opções menos concorridas, perto da sua área de residência. Haverá táxis e outros veículos preparados para levar quem estiver doente ou em isolamento profilático a urnas com menor afluência.
Segundo números do Ministério da Saúde, pelo menos 12 mil eleitores registados estão atualmente infectados com o vírus e 39 mil estarão em isolamento esta terça-feira. Os novos 751 locais de voto são destinados especialmente a estas pessoas e vão estar presentes em todas as cidades e vilas. Em Israel há cerca de 6,6 milhões de pessoas elegíveis para votar. Nesta eleição terão disponíveis 13.685 locais de voto.
Mas as medidas especiais não ficam por aqui. Pela primeira vez, haverá urnas no aeroporto internacional Ben-Gurion. É esperado o regresso de milhares de israelitas ao país especificamente para poderem exercer o seu direito de voto, uma vez que, segundo a lei do país, apenas os diplomatas e outros israelitas com cargos fora do país podem votar fora de Israel. Perto do controlo de passaportes serão instaladas quatro urnas de voto, para que quem chegue não precise de se deslocar a outros locais espalhados pelo país. A decisão não foi pacífica, mas o Supremo Tribunal decidiu não estender a proibição de voar até Israel, que esteve em vigor nos últimos meses de pandemia.
A presidente da Comissão Eleitoral, Orly Ades, disse, numa conferência de imprensa online, que os israelitas que regressem para votar vão ter de fazer quarentena de 10 dias e que estes pontos de votação são “uma excepção” para “circunstâncias especiais impostas pela pandemia”, não um precedente.
Além dos drones, o Governo vai também instalar urnas em 50 autocarros que, por sua vez, vão viajar por todo o país e parar em pontos previamente estabelecidos, mais uma forma de tentar aliviar a concentração nos locais de voto “especiais”. Vão ainda estar disponíveis 38 locais de voto em 38 hospitais pelo país que tenham neste momento doentes internados com covid-19.
Em todos estes locais as medidas de desinfecção e distanciamento vão ser rigorosas, com cada eleitor obrigado a desinfetar as mãos em dois pontos diferentes antes de poder entrar na cabine de voto.
Na Cisjordânia, mais de 2.5 milhões de palestinianos que vivem sob domínio israelita em diversas áreas da vida não vão poder votar. Não só na Palestina mas também em Israel há quem defenda a inclusão da população nos territórios ocupados nos atos eleitorais israelitas. Em 1999, o então primeiro-ministro Ehud Barak disse: "Se os palestinianos puderem votar então estamos perante um Estado binacional, se não, somos um Estado em apartheid”. O atual Presidente de Israel, Reuven Rivlin, expressou opinião idêntica em 2014.