Depois do Gana e da Costa do Marfim, e graças a uma doação proveniente da Índia no âmbito da iniciativa Covax, Angola tornou-se o terceiro país africano e o primeiro do espaço lusófono a receber uma vacina contra a covid-19. Esta terça-feira chegou o primeiro lote de 624 mil doses da vacina da AstraZeneca.
No próprio dia começaram a ser imunizadas cerca de 312 mil pessoas. A inoculação é feita em duas doses com um intervalo de seis oito semanas.
A enfermeira Amélia Amaral Gourgel, de 71 anos, em serviço no depósito central de vacinas de Angola, tornou-se o primeiro cidadão do país a ser vacinado. O plano prevê, numa primeira fase, a vacinação até junho de 20% da população, isto é, cerca de 6,4 milhões de pessoas. As províncias de Luanda, Benguela e Cabinda, por serem as mais atingidas pelo coronavírus, serão prioritárias.
Idosos são prioritários
A trabalhar com a iniciativa Covax, formada pela Aliança Global para as Vacinas e Imunização, a Organização Mundial da Saúde e a Coligação de Inovação na Preparação para as Epidemias (CEPI), as autoridades angolanas pretendem proteger primeiro a população com idade igual ou superior a 65 anos, que corresponde a 2,5% dos angolanos.
Além da vacina da AstraZeneca, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta anunciou a aquisição, em breve, de vacinas da Pfizer, Johnson&Johnson e Sputnik, com recursos próprios. Angola deverá receber da China uma doação da vacina Sinovac Biotech.
Na linha da frente do primeiro lote de vacinas Covax figuram os profissionais da saúde, professores do ensino primário, doentes com comorbilidades, idosos e outras pessoas em situação de risco.
Financiamento internacional
O plano nacional de vacinação contra a covid-19 em Angola passará por duas etapas e terá um custo total equivalente a 217 milhões de euros. Se a vacina estiver disponível, serão ministradas numa primeira fase, até ao fim do primeiro semestre, 12,8 milhões de doses, avaliadas em 87 milhões de euros. Na segunda fase, através de campanhas em massa, as autoridades angolanas estimam vacinar dez milhões de pessoas entre os 16 e os 39 anos, ou seja, 32% da população.
As autoridades angolanas garantem que serão adquiridas cerca de 20 milhões de doses de vacinas através de financiamento do Banco Mundial (86,2%) e do Banco Europeu de Investimento/Unicef, para que Angola tenha acesso subvencionado à razão de 5,79 euros por dose. Os custos da cadeia de frio e operacionais serão cobertos através do orçamento de Estado e do Banco Mundial.
Com apoio das agências das Nações Unidas em reagentes e material de biossegurança avaliados em 5,1 milhões de dólares, Angola dispõe de um depósito de armazenamento e conservação de alto rendimento com capacidade para acolher 180 milhões de vacinas, assegura a ministra da Saúde.