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Ministro do Ambiente britânico diz que negociações estão "num ponto muito crítico". Exigências da UE são "bizarrias"

Keith Mayhew / Getty Images

“As conversações do Brexit estão num ponto muito difícil e não vale a pena negarmos isso”. A franqueza veio esta manhã do ministro do Ambiente britânico, George Eustice, no programa de política da jornalista Sophie Ridge, aos domingos de manhã na Sky News.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, falaram ao telefone este sábado depois de as negociações entre as equipas europeia e britânica terem sido suspensas na sexta-feira por dificuldades em alcançar qualquer consenso. Mas também essa chamada parece ter produzido poucos efeitos, com ambos os líderes a avisar, em comunicado conjunto, que as diferenças permanecem e que a próxima chamada fica agendada para segunda-feira.

George Eustice, da ala mais pró-Brexit, apontou o dedo à União Europeia por mais este obstáculo no caminho para o acordo comercial: "A EU adicionou uma série de novas exigências, o que criou problemas e atrasou o processo”. Eustice disse, porém, que o Reino Unido está preparado para fazer algumas cedências no que diz respeito às regras de equilíbrio da concorrência industrial exigidas pela UE desde que “A UE trate o Reino Unido como um país soberano, de igual para igual”.

É uma tarefa difícil porque, depois de consumada a saída, o Reino Unido não será de facto um entre Estados-membros iguais mas sim (é isso mesmo que exigem os britânicos) um país com pouquíssimas amarras legais a qualquer regra da UE - o que tornaria a indústria demasiado livre para poder ser aceite no seio da UE.

Alguns países da UE têm medo que, por exemplo, algumas empresas reduzem os seus encargos com a proteção ambiental, reduzindo as despesas e, assim, tornando os seus produtos exportáveis muito mais baratos do que aqueles que os restantes países da UE podem produzir estando sob uma lista apertada de regras de todo o tipo. As regulamentações dos vários mercados sempre foram um ódio entranhado no tecido empresarial e mesmo político dos britânicos mais conservadores que veem os milhares de regras da UE como um impedimento ao comércio livre.

Num outro ponto de divergência, a questão das pescas, Eustice continuou a optar simplificação dos problemas dizendo à Sky News que o Reino Unido “quer recuperar o controlo das suas águas” e que a UE “quer tr os mesmos privilégios e acesso que tem agora”.

Na verdade a UE propôs um período de adaptação, entre 5 e 10 anos, para que os pescadores de outros países possam reformular os seus negócios sem a possibilidade de pescar em águas britânicas. Eustice também não disse que os pescadores britânicos enviam 70% do seu peixe para a UE - a imposição de tarifas que chegaria com um “no deal” não é uma boa ideia para estes pescadores. No entender de Eustice uma proposta de “adaptação em vários anos” é “possível” mas a proposta de 10 anos da UE é “uma bizarria”.