Um rapaz de 10 anos que resolveu 196 questões de matemática num minuto. Um grupo de 12 soldados que conseguiram puxar uma carrinha de quase duas toneladas ao longo de 80 quilómetros em 12 horas. O valor mais alto alguma vez pago por uma guitarra em leilão. O maior número de resoluções sucessivas do cubo de Rubik debaixo de água, feitas de uma única vez e sem respirar. O maior número de tomates comidos por uma mulher num minuto. O concerto dado à profundidade mais baixa de sempre em relação ao nível do mar.
Estes são alguns dos recordes mundiais que o Guiness World Records registou em 2020. Dos cerca de quarenta mil recordes que a base de dados do site oficial contém, cerca de quatro constam da versão anual em livro, cuja última edição é publicada hoje, em plena pandemia. "Este livro foi compilado nas circunstâncias mais extraordinárias. A meio da escrita, o mundo foi virado ao contrário pela covid-19, mas isso não impediu as pessoas de bater recordes", diz o editor Craig Glenday no site oficial.
Um episódio de caça deu origem ao livro
O Guinness nasceu nos anos 50, depois de o diretor da fábrica de cerveja Guinness ter ido à caça e falhado. Curioso sobre qual de duas aves seria a mais rápida, não conseguiu encontrar resposta. Lembrou-se então de que podia ser boa ideia um livro com respostas a esse tipo de questões que pudesse ser útil em discussões nos pubs.
Dois irmãos gémeos que tinham uma agência especializada em descobrir factos foram encarregados da tarefa, e o sucesso surpreendente da primeira edição - um pequeno volume de umas escassas 198 páginas - criou quase instantaneamente uma pequena indústria que continua até hoje, estendendo-se à televisão e a outros media.
Embora muitos recordes naturais constem do livro, a ênfase vai para os recordes humanos. O empreendimento em si também evoluiu. Com o tempo os serviços empresariais tornaram-se uma fonte importante de receita do Guinness World Records - certas ditaduras em países menos desenvolvidos parecem ter um entusiasmo especial em se promover batendo recordes, que nalguns casos foram ideias delas próprias.
Essa prática tem sujeitado o Guinness a críticas frequentes, mas a sua popularidade mantém-se. Bater recordes do Guinness permanece uma obsessão para muitos indivíduos comuns pelo mundo fora, e para alguns é mesmo a coisa mais importante das suas vidas.
Qualquer pessoa se pode propor como candidata a recordista, sem despesas, e pode igualmente propor a criação de uma nova categoria, aí pagando uma taxa simbólica. O campeão de recordes neste momento parece ser um norte-americano chamado Ashrita Furman, com mais de duas centenas de recordes diferentes.
Portugal ao longo do tempo tem acumulado recordes tão diferentes como a maior onda surfada, o jornal mais pequeno, o bode com os maiores chifres e a livraria fundada há mais tempo. Além, claro, dos recordes entretanto batidos pelo nosso maior recordista do futebol, ainda hoje em plena atividade aos 35 anos.