“Nunca esquecerei o que me aconteceu. Faz parte de mim como uma marca. Está lá para sempre. É a pior coisa que pode acontecer a qualquer ser humano, a mais degradante. Quando voltei… ninguém me apoiou, ninguém me estendeu a mão. Eu só procurava alguém que se preocupasse comigo, que me dissesse ‘estou aqui para ti’. Alguém que pusesse as mãos nos meus ombros e me dissesse que tudo ia correr bem… é disso que tenho andado à procura e nunca encontrei”.
Quem o diz é Sahir, jovem yazidi recrutado à força pelo Daesh no norte do Iraque, quando tinha 15 anos. Passado tempo sobre a sua libertação, em 2020, consegue traduzir os sentimentos em palavras. Consegue falar sobre aquele período negro para juntar a voz a todos os que pedem que seja feita justiça. Não uma justiça abstrata que sirva para equilibrar o mundo, mas uma justiça capaz de fazer com que os culpados sejam punidos. Sahir é um nome fictício, como todos os que constam do relatório da Amnistia Internacional (AI) divulgado ao público esta quinta-feira.