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Como se devolve a vida às crianças yazidi que sobreviveram ao Daesh?

Um relatório da Amnistia Internacional divulgado esta quinta-feira avalia o impacto psicossocial das centenas de crianças de etnia yazidi que foram raptadas no Iraque pelo Daesh. Depois de terem sido presas, violadas, escravizadas, obrigadas a combater e destituídas de todos os direitos, estão de regresso. E em sofrimento

A vida da comunidade yazidi no Iraque mantém-se difícil. Aqui, famílias desalojados para conter a covid-19 regressam aos destroços que deixaram para trás
ARI JALAL/Reuters

“Nunca esquecerei o que me aconteceu. Faz parte de mim como uma marca. Está lá para sempre. É a pior coisa que pode acontecer a qualquer ser humano, a mais degradante. Quando voltei… ninguém me apoiou, ninguém me estendeu a mão. Eu só procurava alguém que se preocupasse comigo, que me dissesse ‘estou aqui para ti’. Alguém que pusesse as mãos nos meus ombros e me dissesse que tudo ia correr bem… é disso que tenho andado à procura e nunca encontrei”.

Quem o diz é Sahir, jovem yazidi recrutado à força pelo Daesh no norte do Iraque, quando tinha 15 anos. Passado tempo sobre a sua libertação, em 2020, consegue traduzir os sentimentos em palavras. Consegue falar sobre aquele período negro para juntar a voz a todos os que pedem que seja feita justiça. Não uma justiça abstrata que sirva para equilibrar o mundo, mas uma justiça capaz de fazer com que os culpados sejam punidos. Sahir é um nome fictício, como todos os que constam do relatório da Amnistia Internacional (AI) divulgado ao público esta quinta-feira.