As autoridades italianas apreenderam esta quarta-feira 14 toneladas cúbicas de anfetaminas produzidas na Síria, por membros do grupo de radicais islâmicos do Daesh e cujos lucros, acreditam as autoridades, seriam canalizados para reativar as suas operações terroristas. “É um facto que o Daesh utiliza a produção e venda de droga para financiar os seus atos de terror, em grande parte dedica-se ao tráfico de sintéticos produzidos na Síria, país que se tornou o maior produtor de anfetaminas nos anos recentes”, lê-se no comunicado emitido pelas autoridades depois da apreensão e citado pela imprensa italiana.
A polícia italiana sabia o que esperar quando se dirigiu ao porto da cidade de Salerno (há um vídeo da apreensão), perto de Nápoles, já que durante longos meses os investigadores da Guardia di Finanza, que investiga crime financeiro e tráfico, monitorizaram as comunicações das pessoas envolvidas neste negócio agora interceptado. Se não o tivesse sido, mais de mil milhões de euros em anfetaminas poderiam estar a circular em poucos dias por toda a Europa. Em comunicado, a polícia italiana diz que acredita ter levado a cabo a maior apreensão de anfetaminas de sempre, quer em valor quer em quantidade.
Em declarações ao correspondente da CNN no local, o chefe da polícia de Nápoles, Domenico Napolitano, explicou como é que toda aquela droga passou pelas autoridades portuárias: vinha dissimulada entre vários cilindros de cartão e rodas de metal, usados em diversas indústrias “e por isso os scanners do porto não conseguiram detetar nada”.
Cada cilindro de papel, com cerca de dois metros de altura e 1,40 de diâmetro continha cerca de 350 quilos de comprimidos, tal como cada roda de metal. Nos comprimidos vinha a marca “captagon”, o nome atribuído à droga fabricada pelo Daesh e que consiste numa mistura de químicos aos quais os fabricantes juntam enormes quantidades de cafeína para dar energia aos combatentes e diluir a sensação de medo.
Ainda segundo Napolitano, a distribuição de toda esta droga estaria a cargo da Camorra, a temível máfia italiana que controla grande parte do tráfico de droga não só em Itália como em toda a Europa. Passada esta primeira fase, a máfia iria passar parte dessa distribuição para outros grupos criminosos, pelo menos é esta a teoria da polícia dado que um único grupo não teria hipótese de esconder e escoar esta quantidade de produto.