Para lá das palavras de ordem, existem os números. Com os Estados Unidos desunidos, de novo, pela questão racial, voltam à atualidade as denúncias sobre as desigualdades que pesam sobre a população afro-americana. Num artigo que as passa em revista, a CNN elenca algumas delas, em seis expressivos indicadores.
A começar pelo património líquido médio das famílias. O das brancas é cerca de 10 vezes superior ao das famílias negras (cerca de 153 mil euros, contra menos de 16 mil). A comparação é feita entre famílias negras típicas não hispânicas e famílias brancas típicas não hispânicas, com a diferença - maior agora do que era no início do século - a ser explicada, em parte, pelo facto de os negros possuírem menos imóveis e receberem menores heranças.
No que toca aos rendimentos, em média as famílias negras auferem um pouco menos de 60% dos obtidos pelas famílias brancas.
Desde 2000, a diferença salarial entre negros e brancos não-hispânicos cresceu significativamente, mesmo quando a escolaridade é considerada, de acordo com um relatório do Economic Policy Institut, citado pela CNN.
Quando considerado o desemprego, a disparidade foi atenuada. Se, durante décadas, a média foi a de os negros serem afetados pela falta de emprego em mais do dobro em relação à população branca, em fevereiro deste ano as taxas situavam-se nos 3,1% para os brancos e 5,8% para os negros.
A pandemia veio reduzir ainda mais a diferença, dado o desemprego ter aumentado exponencialmente para ambos os grupos. Em abril, a taxa de desemprego dos trabalhadores negros subiu para 16,7%, a mais alta desde o início de 2010, mas fixou-se num recorde de 14,2% para os trabalhadores brancos.
A taxa de pobreza do país de 11,8% em 2018 foi significativamente menor pela primeira vez desde 2007, antes da Grande Recessão, de acordo com os dados mais recentes do Censo.
Comparada a taxa de pobreza de 20,8% para os negros e 8,1% para os brancos não-hispânicos, verifica-se a tendência de queda a registar-se em ambos os grupos da população durante a recuperação económica dos últimos anos.
Como a pandemia veio a deixar exposto, a população negra está bem mais desprotegida no que se refere aos cuidados de saúde.
Se os trabalhadores negros têm 60% mais chances de ficarem sem seguro de saúde, quando comparados com os trabalhadores brancos, os dados disponíveis revelam também que os afro-americanos sofrem mais de doenças crónicas, incluindo diabetes, hipertensão e obesidade. Um ponto de partida que contribuiu para que a covid-19 fosse, nos Estados Unidos, mais mortal para a população negra: representando 13% da população global, somou 23% das mortes pela doença no país.