No princípio de março de 1946, Harry S. Truman recebeu um visitante ilustre. O seu convidado, primeiro-ministro britânico durante os tempos de guerra, fora um dos principais responsáveis pela derrota dos nazis. Chamava-se Winston Spencer-Churchill, e Truman considerava-o “o primeiro cidadão do mundo”. No dia 5 de março, o Presidente americano acompanhou o seu convidado ao Westminster College, em Fulton, estado do Missouri. Aí, Churchill proferiu um dos mais célebres discursos do século XX, defendendo que os soviéticos tinham acabo de fechar uma “cortina de ferro” entre o mundo comunista e os Estados livres do Ocidente.
Ao contrário do que se possa pensar, o discurso não foi tão aplaudido quanto a sua fama posterior faria supor, pois, na altura, a opinião pública americana ainda acreditava na possibilidade de uma cooperação pacífica com a União Soviética. Passado pouco mais de um ano, os americanos já tinham percebido que tal não seria possível. Como Churchill avisara, a União Soviética empenhava-se em manter e, porventura, expandir, uma “cortina de ferro” de proteção do espaço comunista. Neste contexto, os Estados Unidos, que emergiram do conflito mundial como superpotência, só teriam duas opções: ou regressavam ao isolacionismo que norteara a sua política externa, o que significava entregar a Europa aos soviéticos; ou, então, alteravam radicalmente a sua estratégia, e contrariavam a hegemonia da URSS no palco europeu.
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