À mesma hora a que, nesta quinta-feira, António Costa falava em Portugal, a primeira-ministra belga, Sophie Wilmès, anunciava medidas inéditas para toda Bélgica. Também ela mandou fechar escolas e discotecas, mas alargando também a medida aos cafés e restaurantes.
Todas as atividades recreativas, sejam desportivas, culturais ou folclóricas estão canceladas, independentemente da dimensão. Esta semana tinha sido já recomendada a anulação de todos os eventos com mais de 1000 pessoas mas, dias depois, não há dúvidas: todos ficam sem efeito, sejam públicos ou privados.
Já as lojas consideradas de primeira necessidade - como lojas alimentares e farmácias - podem abrir portas de segunda a domingo, enquanto outras lojas só podem funcionar durante a semana. Na declaração que fez ao país, Wilmès fez questão de sublinhar que não há razão para corridas aos supermercados nem comportamentos de açambarcamento.
Uma resposta musculada para tentar conter a propagação do novo coronavírus, numa altura em que o país regista já 399 casos. Um número confirmado esta quinta-feira pelo serviço federal de saúde pública, mas que vários meios de comunicação, como o jornal belga "La Libre", consideram que não representa a verdadeira dimensão da Covid-19 na Bélgica, uma vez que só os casos mais críticos estarão a ser testados devido à falta de reagentes.
Wilmès comunicou as medidas no final de uma reunião de quase quatro horas do Conselho de Segurança Nacional. O governo federal mantém o país na chamada "fase 2" de contenção, mas agora mais reforçada. Ao mesmo tempo, puxa as decisões para o nível federal, o que deverá pôr fim à cacofonia dos últimos dias entre regiões.
Valónia (região francófona), Flandres (região flamenga) e Bruxelas nem sempre têm estado em sintonia sobre as medidas a aplicar. Entre os exemplos em que mostraram descoordenação esteve a proibição de visitas a lares da terceira idade e a anulação de eventos com mais de 1000 pessoas, com o sul francófono a ser mais restritivo do que o norte.
Escolas fechadas, mas...
As escolas belgas vão fechar. O governo federal suspende as aulas e resolve o problema, numa medida em que francófonos e flamengos também não se entendiam. No entanto, no caso das crianças cujos pais não tenham alternativa a não ser deixá-los com os avós, as escolas deverão ajudar a encontrar uma solução. O objetivo é não pôr em risco as pessoas mais velhas, consideras como um grupo de risco. Já as creches continuam abertas.
São medidas para entrar em vigor esta sexta-feira à meia-noite. E ficam em vigor até 3 de abril, véspera de férias escolares de Páscoa na Bélgica.
Quanto aos transportes públicos, continuam a funcionar. No entanto, as instituições europeias já apelaram aos funcionários para que evitem este meio e andem a pé ou de bicicleta.
Comissão reforça medidas internas
Esta quinta-feira, também a Comissão Europeia reforçou as medidas de prevenção. A partir de segunda-feira, todos os funcionários que não tiverem "funções críticas" passam a trabalhar em casa, os restantes continuam a descolar-se ao local de trabalho, mas trabalharão por escalas. As escolas europeias e as creches e infantários da Comissão vão encerrar a partir da próxima semana.
A resposta do executivo comunitário acontece já depois de o Parlamento Europeu ter suspendido toda a atividade parlamentar até final da próxima semana e de ter colocado em "teletrabalho" a esmagadora maioria dos funcionários.
Já no Conselho da União Europeia - que reúne os ministros dos 27 - só reuniões consideradas "essenciais" se mantêm. As "não urgentes" serão canceladas, adiadas ou realizadas por videoconferência. Algumas decisões poderão ser tomadas por procedimento escrito. Entre as reuniões presenciais está a desta sexta-feira, entre os ministros da administração interna, que irá abordar a epidemia do novo coronavírus, e a do início da próxima semana entre ministros das finanças e da economia da UE.