Internacional

Migrações. Bruxelas disponibiliza 700 M€ à Grécia e envia assistência médica

Ursula von der Leyen informou também que, a pedido da Grécia, foi ativado o Mecanismo Europeu de Proteção Civil

ALEXANDROS AVRAMIDIS/REUTERS

A Comissão Europeia anunciou esta terça-feira uma ajuda financeira de 700 milhões de euros à Grécia para responder à pressão migratória no país, sobretudo de migrantes vindos da Turquia, mobilizando ainda assistência médica através do Mecanismo Europeu de Proteção Civil.

"Vamos disponibilizar uma ajuda financeira de 700 milhões de euros para a Grécia e isto divide-se em 350 milhões que ficam já disponíveis e outros 350 milhões de euros que podem vir a ser requeridos como uma verba prometida", divulgou a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, falando em conferência de imprensa na Grécia após uma visita a campos de refugiados.

Realçando as "circunstâncias extremas e a situação difícil e tensa" no país, a responsável precisou que "a ajuda financeira será destinada à gestão da questão migratória, de forma geral, para construir e manter as infraestruturas necessárias".

Na ocasião, Ursula von der Leyen informou também que, a pedido da Grécia, foi ativado o Mecanismo Europeu de Proteção Civil, visando assim que aquele país "possa receber assistência médica, em termos de equipas e de equipamentos, como abrigos e cobertores, enquanto de tal necessite".

"Vamos continuar em contacto muito próximo para garantir que damos todo o apoio necessário", adiantou a presidente do executivo comunitário.

A Grécia enfrenta uma brutal pressão nas suas fronteiras externas com a Turquia depois de o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter decidido 'abrir as portas' aos refugiados que pretendem rumar à Europa, numa tentativa de garantir mais apoio ocidental na questão síria.

Também por isso, na segunda-feira, a agência europeia da guarda costeira, a Frontex, aceitou lançar uma intervenção rápida nas fronteiras externas da Grécia, para ajudar as autoridades gregas face ao fluxo de refugiados oriundos da Turquia.

A decisão do diretor-executivo da Frontex, Fabrice Leggeri, surgiu na sequência de um pedido do governo grego, que no domingo à noite solicitou oficialmente à agência o lançamento de uma intervenção rápida nas suas fronteiras marítimas no Mar Egeu.

Hoje, Ursula von der Leyen precisou que a operação rápida da Frontex será feita pelo mar, terra e por via aérea, nomeadamente através da alocação de embarcações, helicópteros e de aeronaves e ainda da disponibilização de mais 100 guardas costeiros aos cerca de 530 que a agência já tem nas fronteiras gregas.

"Esta é uma responsabilidade da Europa porque as fronteiras gregas são as fronteiras europeias", salientou a presidente da Comissão Europeia.

Num claro aviso à Turquia, Ursula von der Leyen vincou: "Todos os que tentam testar a unidade europeia vão ficar desapontados, pelo que esta é a altura de reafirmarmos os nossos valores europeus".

"As pessoas [migrantes] não são meios para atingir determinados fins", avisou a responsável, garantindo ainda assim que "a Turquia não é um inimigo" da União Europeia (UE).

A UE e a Turquia celebraram em 2016 um acordo no âmbito do qual Ancara se comprometia a combater a passagem clandestina de migrantes para território europeu em troca de ajuda financeira.

Porém, a Turquia, que acolhe no seu território cerca de quatro milhões de refugiados, na maioria sírios, anunciou ter aberto as fronteiras com a Europa, ameaçando deixar passar migrantes e refugiados numa aparente tentativa de pressionar a Europa a assegurar-lhe um apoio ativo no conflito que a opõe à Rússia e à Síria.

Ursula von der Leyen está na Grécia juntamente com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e do Parlamento Europeu, David Sassoli, para demonstrar apoio da UE às autoridades gregas na resposta à pressão migratória de refugiados oriundos da Turquia.

Também presente e falando na conferência de imprensa, o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, alertou que "a paz social está em risco" na Grécia, pelo que pediu a Bruxelas que não deixe os países a lidar com a pressão migratória "sozinhos".

Já aludindo à alegada chantagem turca, Kyriakos Mitsotakis salientou: "A Grécia e a UE não podem ser chantageadas e se o são devem reagir".