Um tribunal de Londres começou, esta segunda-feira, a apreciar o pedido de extradição de Julian Assange para os Estados Unidos (EUA) — “o David contra Golias da nossa geração”, reagiu no Twitter Christine Assange, a mãe do réu.
Acusado pelos EUA de conspirar com a ex-analista militar Chelsea Manning para entrar no sistema informático do Pentágono e libertar centenas de milhar de documentos classificados, o fundador da organização WikiLeaks incorre, nos EUA, numa pena até 175 anos de prisão.
A defesa refuta as acusações de espionagem e realça o direito à liberdade de imprensa, afirmando que este caso coloca em risco “o destino e o estatuto de todos os jornalistas”. A sua estratégia passará por pedir asilo político a França.
Pressão das ruas
A sentença deverá demorar meses a ser conhecida. E, no caso do tribunal aprovar a extradição, a última palavra caberá ao Governo britânico, o que dá margem para que os apoiantes de Assange saiam às ruas como forma de pressão.
Esta segunda-feira, manifestantes e concentraram-se junto ao Woolwich Crown Court, onde o processo está a ser apreciado. Um outro protesto foi marcado para a cidade australiana de Sydney “para exigir que a Austrália resgate o seu cidadão da ilegalidade dos EUA”, escreveu no Twitter o repórter australiano John Pilger, autor de documentários, nomeadamente sobre Timor Leste. “Qualquer que seja o resultado da audiência sobre a extradição em Londres, o Governo australiano tem o poder diplomático de trazer Julian Assange para casa.”
No sábado, uma marcha solidária com Assange reuniu algumas centenas de pessoas em Londres. Marcaram presença os músicos Roger Waters (ex-Pink Floyd) e Chrissie Hynde (The Pretenders), a estilista Vivienne Westwood e Yanis Varoufakis, que no dia seguinte visitaria Assange na prisão de alta segurança de Belmarsh.
“Ele está num sítio escuro. Em circunstâncias inconsistentes com o tratamento de seres humanos por parte de um Estado liberal”, escreveu no Twitter o antigo ministro grego das Finanças. “Mas também encontrei um homem que confirma diariamente a visão de Kant, Ghandi e Mandela: eles podem acorrentar um homem, quebrar-lhe o corpo mas nunca aprisionar a sua mente.”
Julian Assange, de 48 anos, está detido em Londres desde 11 de abril de 2019, após sete anos de exílio na embaixada do Equador na capital do Reino Unido.