Internacional

PM australiano recusa cancelar fogos de artifício de fim de ano apesar dos incêndios

“O mundo olha para Sydney todos os anos e vê a nossa vitalidade, a nossa paixão, o nosso sucesso. Não consigo pensar numa altura melhor para mostrarmos ao mundo quão otimistas e positivos somos como país”, disse Scott Morrison. Após a recusa inicial, o PM anunciou apoio financeiro para bombeiros voluntários em Nova Gales do Sul, o estado mais afetado

MICK TSIKAS/EPA

Os emblemáticos fogos de artifício da noite de fim de ano em Sydney irão acontecer, apesar da crise dos incêndios, para mostrar ao mundo a resiliência da Austrália, declarou este domingo o primeiro-ministro do país, Scott Morrison.

“O mundo olha para Sydney todos os anos e vê a nossa vitalidade, a nossa paixão, o nosso sucesso. No meio dos desafios que enfrentamos, sujeitos às considerações de segurança, não consigo pensar numa altura melhor para mostrarmos ao mundo quão otimistas e positivos somos como país”, disse Morrison, citado pela Associated Press.

A Câmara Municipal de Sydney deu luz verde aos fogos de artifício, embora os bombeiros tenham avisado que a pirotecnia poderia ser cancelada se fossem declaradas condições catastróficas.

“Condições desfavoráveis deverão agravar-se”

Sydney é a capital de Nova Gales do Sul, o estado mais afetado pelos incêndios florestais que lavram no país desde setembro e que provocaram nove mortos e destruíram mais de mil casas. Os subúrbios de Sydney deverão chegar aos 44ºC esta terça-feira, último dia do ano. O risco de incêndio na capital estadual e no norte de Nova Gales do Sul é muito alto.

O comissário do serviço de combate a incêndios rurais de Nova Gales do Sul, Shane Fitzsimmons, revelou entretanto que continuam ativos 85 incêndios naquele estado e que quase metade deles não está ainda circunscrita. “Há condições climatéricas desfavoráveis previstas para os próximos dias, que deverão agravar-se até terça-feira”, sublinhou.

Os estados de Queensland, Vitória, Austrália Ocidental e Austrália do Sul também estão a ser afetados pelos incêndios.

As férias no Havai e o pagamento a voluntários

Morrison viu-se recentemente obrigado a pedir desculpas por ter estado de férias no Havai numa altura em que a situação dos incêndios se agravou. O primeiro-ministro foi amplamente criticado depois de terem vindo a público relatos de que se teria ausentado do país sem aviso prévio. Os seus ministros defenderam o direito do chefe de Governo àquela pausa mas recusaram-se a confirmar o seu paradeiro. Uma fonte oficial do Executivo chegou mesmo a dizer que os relatos de que estaria no Havai eram “incorretos”.

O Governo também tem sido criticado pela forma como está a responder à crise de incêndios e pela relutância em reconhecer o impacto das alterações climáticas nos fogos. O debate centrou-se entretanto na compensação dos bombeiros voluntários, que representam quase 90% dos meios humanos que combatem as chamas em Nova Gales do Sul.

O primeiro-ministro rejeitou até agora as sugestões de pagamento aos voluntários. No entanto, este domingo voltou atrás na recusa e anunciou apoio financeiro para alguns voluntários em Nova Gales do Sul. Morrison disse que os bombeiros voluntários elegíveis receberão 300 dólares australianos (187 euros) por dia, até 6000 dólares australianos (3745 euros) no total, se chamados a combater incêndios durante mais de 10 dias.