Milhares de palestinianos participaram esta terça-feira no chamado “dia de raiva” na Cisjordânia ocupada. Cerca de duas mil pessoas juntaram-se na cidade de Ramallah, incendiando cartazes com o Presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, bem como bandeiras israelitas e americanas.
“A política tendenciosa dos Estados Unidos em relação a Israel e o apoio americano aos colonatos e à ocupação israelitas só nos deixam uma escolha: voltar à resistência”, disse à multidão Mahmoud Aloul, ligado à Fatah do Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas.
Os manifestantes seguravam cartazes com palavras de ordem como “Trump destituído, Netanyahu para a prisão” ou “A ocupação acabará e nós permaneceremos na nossa terra”, conta a agência de notícias Associated Press.
Pedras sobre soldados israelitas e dois ‘rockets’ disparados
Em postos de controlo perto de Ramallah, Belém e Hebron, dezenas de manifestantes atiraram pedras a soldados israelitas, que responderam com gás lacrimogéneo. Mais tarde, os militares israelitas disseram ter identificado dois ‘rockets’ disparados da Faixa de Gaza. Aeronaves israelitas retaliaram com ataques a vários locais do Hamas. Não há registo de feridos.
O “dia de raiva” foi organizado pela Fatah em protesto contra o anúncio da Administração Trump de que os EUA já não consideravam os colonatos israelitas na Cisjordânia ocupada “inconsistentes” com o direito internacional. A decisão, comunicada na semana passada pelo Secretário de Estado, Mike Pompeo, põe fim a quatro décadas de política americana relativamente ao conflito israelo-palestiniano, ao adotar uma posição nitidamente favorável a Israel.
As autoridades de Telavive saudaram a decisão dos Estados Unidos, enquanto os palestinianos e a maior parte do mundo sublinharam que os colonatos são ilegais e minam as esperanças de uma solução de dois Estados.
Após morte de prisioneiro, manifestantes apelam à libertação de outro
Os protestos desta terça-feira decorreram poucas horas depois da morte de um prisioneiro palestiniano sob custódia de Israel, após uma luta contra o cancro.
Os organizadores das manifestações, planeadas antes da morte do prisioneiro, também apelaram à libertação de Sami Abu Diak, de 35 anos, para que este possa morrer ao lado da sua família. As autoridades israelitas negaram o pedido.
O dia de protestos levou ao encerramento de escolas, universidades e edifícios governamentais, tendo as manifestações decorrido em vários pontos da Cisjordânia.