Internacional

Governo chinês nega estar a considerar substituir líder de Hong Kong

A porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, lamentou o “boato político” divulgado esta quarta-feira pelo “Financial Times”

PHILIP FONG/GETTY IMAGES

O Governo chinês negou esta quarta-feira a informação avançada pelo jornal britânico "Financial Times" de que Pequim está a considerar substituir a chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, face aos protestos no território.

A porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, classificou como "boato político" a notícia difundida esta quarta-feira pelo jornal, que acusou de ter "segundas intenções".

Segundo a publicação, que cita fontes não identificadas, Pequim está a elaborar um plano para substituir Lam por um líder "interino", após cinco meses de protestos antigovernamentais.

O mesmo jornal detalha que caso o Presidente chinês, Xi Jinping, aprove aquele plano, o sucessor de Lam assumirá o cargo em março e até ao final do mandato atual, que termina em 2022.

Hua Chunying disse que o Governo central vai continuar a apoiar firmemente os esforços de Lam e do Governo de Hong Kong para pôr fim à violência e restaurar a ordem o mais rápido possível. O Executivo de Hong Kong não comentou ainda a notícia.

Segundo o "Financial Times", os principais candidatos ao cargo incluem o ex-secretário das Finanças Henry Tang Ying-nien e o ex-chefe da Autoridade Monetária Norman Chan Tak-lam.

Na origem dos protestos esteve uma proposta de emendas à lei de extradição por Carrie Lam que teria permitido a transferência de fugitivos para jurisdições com as quais Hong Kong não tem acordo prévio, incluindo Taiwan e a China continental.

Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa da Opinião Pública de Hong Kong, em outubro, o índice de aprovação de Lam caiu para 22,3 pontos – o mais baixo de sempre.

O Governo de Hong Kong retirou esta quarta-feira formalmente a proposta de emendas à lei de extradição, mas os protestos alargaram-se nos últimos meses a outras reivindicações: libertação dos manifestantes detidos, que os protestos de 12 de junho e 1 de julho não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão de Carrie Lam e eleição de um sucessor por sufrágio universal direto.

Pequim afirmou repetidamente seu apoio à liderança de Lam durante a maior crise política desde a transferência de soberania do Reino Unido para China, em 1997.