Depois de ser vaiado no Luxemburgo por manifestantes contra o Brexit, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, cancelou esta segunda-feira uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo luxemburguês, Xavier Bettel, à porta da sede do Governo.
Contudo, o chefe do executivo luxemburguês fez questão de manter a agenda para anunciar o que discutira com Boris Johnson no encontro, voltando a manifestar-se contra um novo adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia.
À hora marcada, Xavier Bettel explicou aos jornalistas que a reunião acabou por demorar mais do que o previsto: “Ouvi muito, mas li pouco. E preciso de avaliar as propostas pr escrito, embora não esteja aqui para negociar pela UE. Essa função cabe a Michel Barnier”, atirou o governante. Apontou para o lugar vazio do primeiro-ministro britânico, em jeito de brincadeira, mas foi taxativo ao afirmar que o processo de saída do Reino Unido da UE é um “pesadelo” e que o adiamento do Brexit só iria agravar a situação.
“O relógio está a contar, o tempo está a passar. Na UE não será aceite nenhum acordo contra o mercado único ou contra o Acordo de Sexta-Feira Santa. Os irlandeses são parte da família da UE ”, declarou o chefe do Governo do Luxemburgo.
Segundo Xavier Bettel, a “relação de amizade” do Luxemburgo com o Reino Unido não irá mudar por causa do Brexit, no entanto, os cidadãos do país também precisam de “esclarecimentos“ e “certezas” no âmbito do processo do Brexit. O PM luxemburguês disse ainda que a prioridade do país é proteger o mercado único, à semelhança dos restantes Estados-membros.
Xavier Bettel acusou ainda os defensores da campanha pró-Brexit de terem anunciado “mentiras”, sublinhando que o Reino Unido não pode responsabilizar a UE neste processo “uma vez que os britânicos não sabem como sair de uma situação que eles próprios criaram.”
Já Boris Johnson falou posteriormente com um grupo de jornalistas, insistindo que há “boas possibilidades” de o Reino Unido conseguir um bom acordo com a União Europeia, após “várias semanas intensas” de trabalho.
O primeiro-ministro britânico defendeu ainda que ainda há tempo suficiente para alcançar um acordo até 31 de outubro. “Penso que temos precisamente o tempo necessário para conseguir um acordo até 17 ou 18 de outubro. Mas se não for possível até essa altura, vamos garantir a 31 de outubro se haverá ou não acordo”, conclui.