Internacional

Brexit. Boris encontra-se esta quarta-feira com Merkel e a fronteira irlandesa deverá dominar a conversa

O primeiro-ministro britânico irá reiterar que o ‘backstop’ tem de ser descartado do acordo para a saída do Reino Unido da UE por ser “inviável” e “antidemocrático”. Os líderes europeus acusam-no de não apresentar “alternativas realistas” ou uma “solução legalmente operacional” para a questão da fronteira. Na quinta-feira, Johnson reúne-se com Macron

Johnson em diálogo com Merkel em julho de 2017, numa altura em que ainda era chefe da diplomacia britânica
Guido Bergmann/Bundesregierung/Getty Images

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, encontra-se esta quarta-feira com a chanceler alemã, Angela Merkel, em Berlim, para discutir o Brexit. Johnson deverá reiterar que o ‘backstop’ para a fronteira irlandesa tem de ser descartado do acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE) por ser “inviável” e “antidemocrático”.

Foi isso que escreveu numa carta de quatro páginas, enviada no início da semana ao presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, defendendo que o ‘backstop’ pode até minar o processo de paz na Irlanda do Norte. Também referido como ‘batente’ ou ‘travão’, o ‘backstop’ é uma apólice de seguro que manteria o Reino Unido numa união aduaneira com a UE, em caso de ausência de um acordo de saída, para evitar o regresso dos controlos fronteiriços entre a província britânica da Irlanda do Norte e a Irlanda, que é um Estado-membro da UE.

Tusk respondeu à missiva, dizendo que aqueles que se opõem ao ‘backstop’ sem apresentarem “alternativas realistas” apoiam o restabelecimento de uma fronteira rígida. A Comissão Europeia sublinhou que a carta de Johnson não continha uma “solução legalmente operacional” para a questão da fronteira irlandesa.

“Tal como está”, o acordo voltará a não passar no Parlamento

O chefe do Governo britânico classificou a resposta da UE ao seu pedido como “um bocado negativa”. No entanto, prometeu entrar nas conversações sobre o Brexit com “muito vigor”, dizendo que há “um verdadeiro sentimento de que algo tem de ser feito” em relação ao ‘backstop’.

“Tal como está”, o acordo para o Brexit voltará a não passar no Parlamento inglês, avisa Johnson. O acordo com Bruxelas da sua antecessora, Theresa May, foi chumbado três vezes pela Câmara dos Comuns. O Partido Trabalhista lembrou entretanto que Johnson votou favoravelmente aquele acordo, que incluía o ‘backstop’, quando este foi a votação parlamentar pela terceira vez em março. Na altura, Johnson disse que apenas o fazia porque chegara à “triste conclusão” de que era a única forma de garantir que o Reino Unido saía efetivamente da UE.

Merkel disposta a discutir fronteira irlandesa sem alterar acordo

Segundo a imprensa britânica, o líder conservador deverá dizer igualmente a Merkel que a UE não deve cometer o erro de acreditar que o Parlamento poderá, de alguma forma, bloquear a saída do Reino Unido no prazo de 31 de outubro. Além disso, apesar de sublinhar que prefere uma saída com acordo, Johnson insiste que, se a UE não estiver disposta a negociar, o Brexit acontecerá na mesma no Halloween.

Por seu lado, a chanceler alemã afirmou que poderia ser encontrada uma solução para o problema da fronteira irlandesa e que essa solução poderia significar que o ‘backstop’ não será necessário. Contudo, Merkel frisou que não haveria mudanças no acordo de saída.

O encontro desta quarta-feira é o primeiro de uma série de reuniões com líderes da UE. Na quinta-feira, Johnson encontra-se em Paris com o Presidente francês, Emmanuel Macron. Da sua agenda também faz parte a presença no sábado na cimeira do G7, juntamente com outros líderes mundiais, incluindo o Presidente dos EUA, Donald Trump.