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Expresso

Internacional

Ele tem mais de Berlusconi do que de Trump: Boris não se leva muito a sério e isso é mais inteligente do que parece

Boris Johnson é uma personalidade política sobre a qual conhecemos melhor as suas polémicas que as suas reais ideias (que normalmente variam consoante o interesse pessoal e nem tanto com o interesse nacional). “Há momentos em que nem tenho a certeza se ele sabe no que acredita”, diz em entrevista ao Expresso Simon Usherwood, professor de Política na Universidade de Surrey e diretor do European Matrix, centro de estudos para o esclarecimento sobre a União Europeia. Esta é uma entrevista intercalada com a narrativa de episódios - às vezes surreais - da vida de Boris Johnson

Marta Gonçalves

O que podemos esperar de Boris Johnson como primeiro-ministro?
Essa é uma resposta muito difícil de dar. Uma coisa sobre a qual temos a certeza é que quer ser primeiro-ministro e percebe-se pela política que fez. O que não sabemos é o que ele quer ser como primeiro-ministro: nunca teve uma visão política, uma ideia daquilo que o Reino Unido deveria ser. Há uma grande dúvida se ele quer seguir uma política em específico ou apenas ocupar o cargo importante. Dependendo disso, há diferentes respostas sobre o que podemos esperar dele. A nível político está num contexto muito próximo daquilo que era o de Theresa May: tem uma maioria muito pequena, um partido dividido, opiniões fortes sobre o que deve acontecer e também um público bastante dividido sobre o futuro. Neste aspeto, não há grande espaço para fazer as coisas de forma diferente, pode dizer mais umas piadas engraçadas ou personalizar o cargo mas não consegue alterar o contexto atual. Se assumir a identidade de alguém que é um apoiante do Brexit, talvez faça a saída acontecer o mais rapidamente possível mas também pode encaminhar para algo mais radical e tentar sair sem um acordo. Ficaria surpreendido se isto acabasse com um Brexit sem acordo porque não estou certo se é isso que Johnson quer, mas pode ser pressionado pela situação e pelos compromissos que fez na campanha.

JOGOS OLÍMPICOS DE 2012
Johnson era na altura mayor de Londres e decidiu fazer slide durante um evento olímpico no Parque Vitória, queria celebrar o primeiro ouro olímpico da equipa britânica. Mas a meio da descida ficou preso. Com duas bandeiras britânica nas mão, um capacete e um arnês extremamente apertado, ficou ali a pairar no ar

Boris Johnson de alguma forma criou uma personagem política?
De forma geral, sim. Esta imagem de ser atabalhoado e caótico com tudo é uma personagem. Acho que ele sabe que é perfeitamente capaz, que é competente mas escolhe passar esta imagem. Parece fazer escolha tendo por base aquilo que é melhor para ele e para o seu sucesso em vez das escolhas que podem ser melhores para o país ou para as pessoas.

Como é que uma personagem assim pode beneficiá-lo?
É uma coisa muito inglesa na forma de agir: não se leva muito a sério, com um toque de diversão. Além disso, esta postura permite-lhe, quando se engana, dizer que estava só a brincar e que não era realmente aquilo que queria dizer. Torna-se num mecanismo de defesa também.

LONDRES 2016
Amigos desde os tempos de escola, todos esperavam que Boris Johnson fosse um dos nomes que apoiariam David Cameron, então primeiro-ministro britânico, na campanha por permanecer na União Europeia quando foi convocado o referendo. Isso não aconteceu - mas tal como não aconteceu com outros conservadores. A polémica maior foi quando foi publicado um texto de opinião Johnson a defender o Brexit, um texto que o próprio substituiu por um outro que defendia precisamente o contrário: ficar na UE. Johnson mudou de opinião em meia dúzia de horas? Daí em diante, Johnson e Cameron seguiram posições totalmente diferentes. O que aconteceu em seguida, já se sabe: um haveria de se demitir depois de uma votação fracassada e o outro é agora o chefe de Governo do Reino Unido

Há pouco dizia que Boris Johnson está mais preocupado com a sua carreiro do que com o país. Como é que se pode governar assim?
Acho que há muitos países que têm líderes desses. Não acho que não se preocupe com as pessoas, a carreira dele é que é a prioridade. O que acho também incerto é a forma como vai deixar que outras pessoas interfiram nas decisões, será interessante perceber quem vai ser o grupo de pessoas que ele vai escolher para o ajudarem: se vão ser pessoas com planos sérios ou se vão ser pessoas que apenas estão ali apenas para o fazerem sentir-se melhor sobre as suas escolhas. E, para já, ainda não conseguimos ter uma ideia clara.

Em que Boris Johnson acredita realmente?
Há momentos em que nem tenho a certeza se ele sabe no que acredita. Acho que nesse aspeto, é muito responsivo, segue muito a audiência para a qual está a falar. Não é alguém com ideologias fortes, as suas perspetivas sempre foram muito variáveis, mudam com frequência. As possibilidades de haver um Johnsonanismo são muito, muito pequenas. Leva-nos ao mesmo: está interessado na posição mas não tem propriamente um plano que quer aplicar.

2018
Boris é um dos melhores em polémicas. Será, provavelmente, dos homens da política que mais vezes foram notícia por gafes que cometeram. Há cerca de uma ano, por exemplo, a propósito do uso da burca, dizia isto: “É absolutamente ridículo que existam pessoas que escolhem andar assim como se fossem caixas de correio, parecendo que são assaltantes de bancos”

Quando Cameron liderava o Governo e Johnson a cidade de Londres
TOBY MELVILLE/ Getty Images

Boris Johnson sempre esteve envolvido em polémicas. Que estilo de primeiro-ministro vai ser? Pode ser comparado a um outro chefe de Governo ou Estado?
Não pode ser comparado com Trump, além do facto de ambos gostarem de estar no poder. Melhor, de gostarem de ser importantes. Mas são muito diferentes. Trump nunca se iria rir de algo que fez ou admitir que foi erro seu. Trump tem sempre uma imagem muito forte, de quem não comete erros e, quando os há, foram os outros que não o perceberam. É muito mais agressivo. Johnson não é de todo assim. Se é comparável com alguém? Embora não ache que haja alguém verdadeiramente como ele, talvez o mais próximo que consigo encontrar é alguém como [Silvio] Berlusconi: alguém que gosta de estar no centro das atenções, que gosta de ser importante. No entanto, Berlusconi tinha interesses comerciais e Johnson não tem mas assemelham-se nessa coisa de causarem boa impressão e serem falados.

2019
“Não conseguiremos um resultado se dermos a impressão de que queremos continuar a chutar a bola mais para a frente e aprovar mais atrasos. Adiar significa derrota, adiar significa ruína.” Palavras de Johnson, que recusa adiar o Brexit uma vez mais. E se o Reino Unido chegar a 31 de outubro sem aprovar o acordo de saída? “Acho que não vamos acabar com uma coisa assim, mas é responsável prepararmo-nos vigorosa e seriamente para um não acordo. De facto, é surpreendente que alguém possa sugerir dispensar essa ferramenta vital na negociação”

Johnson durante a campanha pro Brexit
Carl Court/ Getty

É possível que consiga o apoio do Parlamento para um Brexit sem acordo?
O que é complicado em tudo isto é que ele não precisa do Parlamento para isso. Se chegar ao dia 31 de outubro e não houver nada, o Brexit sem acordo acontece. Só precisa que o Parlamento não o trave, o que é uma algo muito diferente. Será que consegue convencer o Parlamento a não ser travado? E isso pode acontecer pedindo uma extensão da data de saída, por exemplo. Se ele realmente quiser um Brexit sem acordo, basta a inação. Mas acredito que o que mais quer é um acordo.

Apesar de Johnson já ter apelado ao Brexit sem acordo, não tem a certeza de que é isso que ele realmente quer?
O que ele disse - ou pelo menos como entendo o que disse - é que quer sair até 31 de outubro, que acredita que consegue um acordo mas, caso não consiga, está preparado para sair sem acordo. Um não acordo é aceitável mas não desejado. Portanto, nesse sentido, nem é tão diferente assim da posição de May.

2019
A demissão mais recente é a de Rory Stewart, ministro do Desenvolvimento Internacional. Uma saída que sucedeu mais umas quantas que foram anunciadas ao longo das últimas horas desta terça-feira, 23 de julho de 2019, quando o nome de Johnson se tornava cada vez mais provável na liderança dos conservadores e, consequentemente, do Reino Unido. Também David Gauke, ministro da Justiça, Anne Milton, secretária de Estado da Educação, e Alan Duncan, secretário de Estado britânico para a Europa e Américas, já se demitiram. O nome do novo chefe de Governo não é consensual dentro do próprio partido.

Claire Doherty/ Getty Images

Além do Brexit, que outros desafios Boris Johnson terá de enfrentar?
O maior desafio imediato que terá de enfrentar é o facto de ter irritado gente suficiente no seu partido e o Governo já não ter maioria. Provavelmente usará o verão para se fazer provar. Vai ter a vida muito dificultada pelos próprios conservadores, porque independentemente daquilo que decida fazer, alguém ficará muito insatisfeito. Ele prometeu tudo a toda a gente e claramente não pode cumprir tudo a toda a gente. Depois, o Brexit. E não há mais que isso. Tal como o mandato de May fica marcado pelo Brexit, o de Boris Johnson vai ficar marcado pelo mesmo. A escolha que tem de fazer é demasiado grande e acabará por o consumir, tal como consumiu David Cameron e Theresa May.

Nas últimas eleições, Boris Johnson conseguiu apenas 2% dos votos dos britânicos. O que é que precisa de fazer para em 2022 ser reeleito (isto supondo que se recandidata)?
Nas últimas eleições legislativas, os eleitores regressaram aos Conservadores e aos Trabalhistas porque eram as duas únicas forças políticas que lhes eram familiares. A situação era tão caótica que, embora estivessem preocupados com o que se estava a passar, procuraram estabilidade e a confiança em nomes que já conheciam. Mas nos dois anos que passaram, os dois partidos falharam com o Brexit e os britânicos estão à procura de resposta noutro lado. Acho que o desafio para Boris Johnson, se chegar a eleições legislativas, é mostrar que o Partido Conservador é relevante nos assuntos que preocupam as pessoas. Se não conseguir uma história convincente sobre o Brexit, vai ter uma vida muito difícil e perceberá que os eleitores não lhe vão dar a confiança para conduzir um Governo.

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