Internacional

Único navio de resgate civil no Mediterrâneo recusa desembarque na Líbia e vai para Itália

O Alan Kurdi tem a bordo 65 pessoas. A Líbia aceitou ser porto seguro mas o navio operado pela organização não governamental Sea Eye recusou. “A Líbia não é um lugar seguro para ninguém”. Mais de metade dos resgatados são menores de idade

“Há relatos de tortura, violência sexual, tráfico humano e homicídios. A verdade é que temos dois líbios a bordo, o que indica que a vida na Líbia se está a tornar imensamente perigosa para os próprios líbios. Supreendente? Nos últimos dias, 44 pessoas morreram num bombardeamento num campo de refugiados. A Líbia não é um lugar seguro para ninguém.” As palavras são se Gorden Isler, chefe da missão do navio alan Kurdi, operado pela organização não governamental alemã Sea Eye. Foram usadas para justificar por que motivo o único barco de movimento civil ainda a operar no centro do Mediterrâneo recusou desembarcar na Líbia, país que lhes foi atribuído como porto seguro.

Nos últimos dias, o navio resgatou de barcos de borracha gente que tentava fazer a travessia até à Europa. Trata-se de 65 pessoas, mais de metade (39) são menores de idade - o mais novo tem 12 anos. Diz a lei internacional que, uma vez resgatadas, as pessoas devem ser levadas para o porto seguro mais próximo. O navio que negou ir levar quem foge da Líbia de novo para a Líbia ruma agora até à ilha italiana de Lampedusa.

A maioria das pessoas a bordo são da Somália.

“A ilha italiana é o porto europeu mais próximo. Ali, os resgatados podem finalmente ser levados para um lugar seguro, tal como a lei internacional obriga. Para muitas pessoas restadas, aquele será o lugar onde pela primeira vez em muito tempo não terão medo”, defende a organização não governamental alemã.

A ONG denuncia ainda que, após o resgate, as autoridades líbias não estiveram contactáveis por mais de cinco horas. Por fim, atribuíram o porto de Zawiyah (a cerca de 50 quilómetros de Trípoli) como local de desembarque. “Para sermos sinceros, o comandante de operações líbio estava mais interessado na identidade das pessoas a bordo do que nos detalhes do resgate”, refere a Sea Eye.

Nas próximas horas, o Alan Kurdi vai deixar águas internacionais em direção à Europa, onde vai pedir assistência urgente a Malta e Itália.