O ex-juiz Sergio Moro e membros do Ministério Público do Brasil trocaram informações e colaboraram na Operação Lava-Jato, incluindo nos processos que levaram à condenação de Lula da Silva, revela uma investigação do site "The Intercept".
O site mostra mensagens de Moro a sugerir ao MPF trocar a ordem de fases da Lava Jato, a exigir a realização de novas operações, a dar conselhos e pistas e a antecipar-lhe, pelo menos, uma decisão judicial. Numa das trocas, o ex-juiz discorda até da tentativa do MPF de adiar um depoimento de Lula. "Vocês devem estar brincando. Não tem nulidade nenhum, é só um monte de bobagens", diz.
Noutra conversa intercetada, procuradores combinam manobras para impedir que Lula desse uma entrevista a meio da pré-campanha eleitoral. Uma das procuradoras, Laura Tessler, comenta que se o antigo presidente falasse poderia até eleger Fernando Haddad, candidato do PT que disputou as eleições, e acabou por perder, com Jair Bolsonaro.
Os diálogos mencionam mesmo detalhes do processo que condenou o líder histórico do PT.
Perante a divulgação das mensagens trocadas entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da Força-Tarefa da Lava Jato o Partido dos Trabalhadores acusa Moro e O Ministério Público de agirem de forma "combinada para criar uma farsa judicial, forjando acusações com o objetivo político de impedir a vitória de Lula da Silva e do PT nas eleições presidenciais".
Moro divulgou domingo uma nota a negar haver "anormalidades ou direcionamento" nas investigações e chamou o conteúdo dos artigos dos jornais de "sensacionalismo". Já a procuradoria, diz-se vítima de ataques de hackers.
O PT reage também ao desmentido que Moro e os procuradores da Lava Jato afirmando que " ultrapassaram todas as fronteiras da legalidade e do estado democrático de direito. Cometeram crimes contra a liberdade de Lula, contra o direito de defesa e o devido processo legal e, principalmente, contra a soberania do povo no processo eleitoral".
E a defesa de Lula pede o imediato "restabelecimento da liberdade plena de Lula" e afirma que o ex-presidente é vítima da "manipulação de leis com fins de perseguição política".