Internacional

Sudão. Conselho militar diz que local de protesto “ameaça segurança nacional” e manda encerrar Al Jazeera

Foi anunciada uma ação legal contra o que os militares apelidam de “elementos indisciplinados”. Após a deposição de Omar al-Bashir, manifestantes exigem uma administração liderada por civis. Além do encerramento da Al Jazeera em Cartum, foram suspensas, com efeito imediato, as autorizações de trabalho dos seus correspondentes

ASHRAF SHAZLY/AFP/Getty Images

O conselho militar de transição do Sudão disse esta quinta-feira que o acampamento de protesto na capital se tornou uma ameaça à segurança nacional, ordenando ainda o encerramento das instalações da Al Jazeera em Cartum.

Numa declaração televisiva, um porta-voz dos militares anunciou que seria realizada uma ação legal contra o que apelidou de “elementos indisciplinados” no exterior do Ministério da Defesa, onde manifestantes se concentram há várias semanas. “O local de protesto tornou-se inseguro e representa um perigo para a revolução e para os revolucionários”, além de “ameaçar a coerência do Estado e a sua segurança nacional”, referiu o general Bahar Ahmed Bahar, chefe da região central em Cartum. Segundo o responsável, um veículo militar usado pelas forças de apoio rápido foi atacado e capturado nas imediações do acampamento.

O local transformou-se no ponto central do movimento de protesto, que, no início de abril, contribuiu para a deposição de Omar al-Bashir após três décadas na presidência do país. Desde então, os manifestantes reivindicam a substituição dos generais no poder por uma administração liderada por civis.

“Completa violação da liberdade de imprensa”

Entretanto, agentes de segurança informaram a Al Jazeera da decisão do conselho militar de encerrar as suas instalações em Cartum. A decisão também incluiu a retirada, com efeito imediato, das autorizações de trabalho dos correspondentes e funcionários da rede de media.

Em comunicado, a Al Jazeera denunciou o encerramento “abrupto” da sua delegação na capital sudanesa e a proibição dos seus repórteres de trabalharem no país, afirmando tratar-se de “uma completa violação da liberdade de imprensa”. “A rede vê isto como um ataque à liberdade de imprensa, ao jornalismo profissional e aos princípios básicos do direito das pessoas conhecerem e entenderem a realidade do que está a acontecer no Sudão”, prossegue o comunicado.

A Al Jazeera apela ao restabelecimento imediato das operações da sua delegação em Cartum e garante que continuará a fazer a cobertura da realidade sudanesa “apesar desta interferência política das autoridades”.